Nas últimas semanas foram divulgados vários indicadores positivos sobre o crescimento da economia portuguesa no corrente ano. Em larga medida, essa viragem otimista quanto às perspetivas económicas do país tem a ver com o turismo. Tudo indica que 2023 será o melhor ano da história do turismo no nosso país, ultrapassando os resultados anteriores à pandemia.
O turismo beneficia as contas externas de Portugal e em particular a balança comercial. Os gastos dos turistas estrangeiros no país contrariam, no plano macroeconómico, um tradicional desequilíbrio externo. E, no plano microeconómico, essas despesas dinamizam inúmeras empresas, designadamente pequenas e médias unidades comerciais.
O turismo promove o emprego, sendo que na restauração e na hotelaria o problema é, hoje, encontrar gente para trabalhar. Por outro lado, a vinda de turistas estrangeiros impulsionou a recuperação de zonas urbanas degradadas, incluindo alguns centros históricos.
Em resumo, o turismo estrangeiro traz muitos benefícios à economia portuguesa. Mas, a partir de certo ponto, também provoca alguns inconvenientes.
Por exemplo, os empregos que ele promove não são qualificados, não contribuindo, assim, para Portugal deixar de ter uma economia baseada em salários baixos. Também é real o risco de a afluência maciça de turistas estrangeiros descaracterizar algumas áreas urbanas ao “expulsar” delas residentes nacionais. Um facto que já acontece entre nós, em consequência da forte subida do preço da habitação, que muitas famílias portuguesas não podem acompanhar. Isto, além de a excessiva aglomeração de turistas em certos locais tornar infernal o trânsito em algumas cidades.
Como conseguir manter os benefícios do turismo e, ao mesmo tempo, diminuir os seus efeitos negativos? Não há receitas genéricas para o problema. Apenas sabemos que o problema existe e que deve ser atribuído às Câmaras um papel decisivo nesta matéria, uma vez que a situação é diferente de um município para outro. De nada serve ignorar a realidade.
Francisco Sarsfield Cabral