Neste ano, já arderam 5.400 hectares, o que representa um aumento exorbitante de quase 2.300% face aos mesmos três meses do ano passado.
No primeiro trimestre de 2020, tinham ardido 228 hectares e agora já se contabilizam mais de 5.400 hectares consumidos pelo fogo.
Os números deste ano mostram também um aumento muito significativo de ocorrências – mais do dobro face ao mesmo período do ano passado.
Neste ano, já foram registados 1.100 incêndios, contra os 480 do ano passado.
Cruzando as contas da GNR com as do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, conclui-se que o início de 2021 está a ter números bastante diferentes, e para pior.
Oito detidos e 340 inquéritos crime
No trabalho de fiscalização e investigação, já foram abertos 340 inquéritos crime – quase o dobro do ano passado – e foram detidas oito pessoas em flagrante delito, mais três do que nos mesmos meses de 2020. Foram ainda identificadas 99 pessoas por suspeita do crime de incêndios – o triplo do que tinha acontecido no ano passado.
As diversas autoridades contactadas pela Renascença são unânimes em explicar estes aumentos com uma maior atividade agrícola não controlada.
As queimas e as queimadas são apontadas como as principais responsáveis pela grande maioria dos incêndios e da área ardida registada até ao momento.
De acordo com um comunicado da GNR, que está a levar a cabo a campanha Floresta Segura 2021, foram realizadas 7.319 patrulhas, que percorreram 600 mil quilómetros – o que deu origem a 342 autos de contraordenação por realização não autorizada ou negligência na execução de queimas (272) e queimadas (70).
GNR no terreno com Floresta Segura
A campanha tem como objetivo prevenir comportamentos de risco, garantir a segurança das populações e do seu património e salvaguardar o tecido florestal nacional.
Durante esta campanha, a GNR já promoveu 4.640 ações de sensibilização que alertaram 21.096 pessoas para a importância dos procedimentos preventivos a adotar, nomeadamente sobre o uso do fogo em queimas e queimadas, a importância de remoção de matos, a manutenção das faixas de gestão de combustível e a adoção de medidas de proteção dos aglomerados e de autoproteção.
Na nota, a GNR recorda que o prazo para a remoção de matos e a manutenção das faixas de gestão de combustível foi alargado até 15 de maio, para terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais.
Lembra ainda que tem em funcionamento a Linha SOS Ambiente e Território (808 200 520) para denúncia de infrações ou esclarecimento de dúvidas.
Os números oficiais indicam que esta linha recebeu no ano passado 168.000 chamadas, um aumento de 140% relativamente a 2019.
Tendo em conta que as queimas são uma das principais causas de incêndios em Portugal, a GNR relembra que é proibido queimar matos cortados e amontoados e qualquer tipo de sobrantes de exploração florestal ou agrícola sem comunicação prévia ou pedido de autorização e que não se deve fazer queimas com tempo quente e seco ou com vento, escolha dias nublados e húmidos.
Segundo os dados divulgados este mês pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), o investimento em prevenção e combate aos fogos rurais duplicou nos últimos três anos, passando de 143 milhões de euros em 2017 para 289 milhões em 2020.
De acordo com os mesmos números, excluindo encargos diretos das autarquias e privados, do investimento de 143 milhões de euros em 2017 apenas 20% foi gasto em prevenção, enquanto em 2020 dos 289 milhões 45% foram para esta área.
O balanço da AGIF indica que, no último ano, foram registados 4.892 crimes e detidas 51 pessoas por incêndio florestal.