No final da catequese desta quarta-feira, o Papa lançou mais um apelo ao fim dos conflitos no Myanmar (antiga Birmânia) e solidarizou-se com os que saem para as ruas a pedir paz.
“Uma vez mais, e com tanta tristeza, sinto a urgência de evocar a dramática situação em Myanmar, onde tantas pessoas, sobretudo, jovens estão a perder a vida para oferecer esperança ao seu país”, afirmou.
“Também eu me ajoelho na ruas de Myanmar”, continuou o Papa, deixando um apelo pelo fim da violência. “Também eu estendo os meus braços e digo: Que prevaleça o diálogo. O sangue não resolve nada. Que prevaleça o diálogo.”
Pelo menos 149 pessoas foram mortas pelas forças de segurança da junta militar que levou a cabo o golpe de Estado de 1 de fevereiro em Myanmar, 11 das quais nas últimas 24 horas, denunciou a ONU na terça-feira.
O número de mortos aumentou dramaticamente, há centenas de pessoas desaparecidas desde o golpe e a junta militar parece cada vez mais determinada a acabar com o protesto, ignorando as muitas condenações internacionais, referiu a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, em conferência de imprensa realizada em Genebra.
Nesta intervenção proferida a partir da biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa também se referiu aos confrontos no Paraguai, condenou a violência que “é sempre auto-destrutiva” e apelou a “um caminho de diálogo que permita construir a paz tão ignorada”.
De acordo com a porta-voz do organismo liderado por Michelle Bachelet, chegaram à ONU relatos de mais de 2.000 detenções arbitrárias, uso de tortura e desaparecimentos forçados de centenas de pessoas, bem como do uso de francoatiradores contra os manifestantes.
O golpe militar, no dia 1 de fevereiro, atingiu a frágil democracia de Myanmar depois da vitória do partido de Aung Sang Suu Kyi nas eleições de novembro de 2020.
Os militares tomaram o poder alegando irregularidades durante o processo eleitoral do ano passado, apesar de os observadores internacionais terem considerado a votação legítima.