A Associação Portuguesa de Imprensa (API) pondera "candidatar-se a comprar parte dos Correios" para "não deixar na mão de particulares" o futuro das publicações que representa.
"A situação para nós é tão séria que a Associação Portuguesa de Imprensa prevê a possibilidade de, se tal for necessário e possível, candidatar-se a comprar parte dos Correios", disse esta terça-feira o presidente da API, João Palmeiro, numa audiência na Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação, na Assembleia da República.
O responsável fazia referência à situação relacionada com o fim do contrato do serviço de postal universal em 2020, e deu esta medida como exemplo do quão "determinada" está a API em "mover as montanhas que sejam necessárias".
"Uma vez, deixámos na mão de privados, de particulares, o futuro das publicações que representamos. Não o vamos fazer uma segunda vez", garantiu o presidente da API.
A questão dos Correios já tinha sido abordada na audiência por Vítor Brás, vice-presidente da API.
"O problema da imprensa é complicadíssimo, como todos conhecemos. Mas estamos agregados a um problema tão ou mais complicado, que são os Correios", referiu o vice-presidente.
Vítor Brás referiu que "não há experiência em Portugal de renovação de contratos deste tipo", que a negociação "demora algum tempo" e "ainda não começou".
"Um assinante da imprensa, quando assina por um ano uma publicação, se assinar em fevereiro [de 2020], termina em fevereiro de 2021. E eu não tenho a certeza que em janeiro de 2021 tenha Correios tal como tenho hoje. Porque não tenho nenhuma segurança do que vai acontecer", afirmou o vice-presidente da API.
Vítor Brás disse ainda que "sem correios a imprensa regional não sobrevive".