Em Coimbra, no que aos utentes dos serviços da Cáritas Diocesana de Coimbra diz respeito, o protocolo RSI – Rendimento Social de Inserção, acompanha 257 agregados familiares, correspondente a 676 indivíduos (destes, 306 são homens).
Neste sentido, existe desde 2007, um acordo entre a Cáritas Diocesana de Coimbra e o Instituto da Segurança Social, I.P./Centro Distrital de Coimbra para desenvolver ações de acompanhamento dos beneficiários de Rendimento Social de Inserção com vista à sua progressiva autonomia, inserção social e profissional.
De salientar que existem 90 centros da Cáritas em toda a área geográfica da diocese de Coimbra, com um total de 126 respostas sociais nos âmbitos social, educação, saúde e pastoral. No ano passado, em 2021, a Cáritas Diocesana de Coimbra apoiou cerca de 14000 pessoas. Destas, 2925 eram da área da inclusão (RSI - entre outros serviços de inclusão social).
Começou no início de junho e terminou no dia 21 do mesmo mês, o terceiro ciclo de edição de mais uma formação sobre ‘Alimentação Económica e Saudável’, desta vez direcionada a homens beneficiários do RSI.
A iniciativa promovida pela Cáritas Diocesana de Coimbra, contemplou 10 formandos e decorreu na cozinha do Centro Comunitário de Inserção, na Rua Direita em Coimbra - um equipamento da Cáritas, destinado ao apoio social.
“Já vai na terceira edição, interrompemos na pandemia, e ainda vamos ter uma quarta edição este ano. Tem três sessões cada ciclo, numa cozinha de formação”, revela a nutricionista da Cáritas de Coimbra, Liliana Ferreira, 31 anos, acrescentando o modo de funcionamento da formação.
“As formações decorrem sempre em contexto teórico e prático, vamos com os utentes para a cozinha para testar os conceitos teóricos, sendo que a primeira formação foi sobre conceitos gerais de alimentação saudável, depois uma segunda formação direcionada para conceitos de higiene, segurança e conservação de alimentos, e depois uma terceira formação, incide na reutilização de sobras. Fazemos três a quatro receitas por sessão para replicarem nas suas casas ou nos seus quartos, e que não precisam de equipamentos avançados, receitas de tacho, ou de microondas”, sublinha Liliana Ferreira.
Homens com idades entre os 40 e 75 anos, aprenderam a rentabilizar o rendimento que recebem e os produtos do cabaz alimentar que lhes é atribuído pela Cáritas. A ideia, diz Liliana Ferreira, “partiu de uma necessidade de colegas do protocolo do Rendimento Social de Inserção que detetavam desconhecimento no que seria ter uma alimentação saudável, do ponto de vista económico, achavam que seria impossível”, recorda a nutricionista, enumerando os diferentes casos.
“Homens a viver isolados, famílias monoparentais, ou famílias numerosas e falaram comigo sobre a possibilidade de se fazer um ciclo de formações que dessa resposta às suas dificuldades”, esclarece Liliana Ferreira.
Formação tem em conta cabaz alimentar
Refeições rápidas, mas saudáveis e sobretudo económicas, foi o que quis ensinar a nutricionista da Cáritas Diocesana de Coimbra, Liliana Ferreira, a dez homens beneficiários do Rendimento Social de Inserção.
“Já tivemos dois grupos distintos, para homens mais isolados, diferentes de grupos de mães pertencentes a famílias numerosas. Porque efetivamente se não forem formações personalizadas e direcionadas, não obtemos o que pretendemos. Em 2019, percebemos o interesse de homens que vivem sozinhos e principalmente em idades mais avançadas, havia um interesse em partilhar o que faziam em casa ou nos quartos onde vivem, fomos agradavelmente surpreendidas”, conta Liliana Ferreira, garantindo que os formandos têm muitas dúvidas.
“Muitas questões sobre o tempo de conservação dos alimentos, quanto tempo dura uma sopa que guardam no frigorífico, esta questão da gestão das refeições”, conclui.
Sopa e diversos pratos económicos para experimentar com o rendimento disponível: uma jardineira de frango, arroz de carne e legumes, pescada à gomes de Sá, arroz de atum com legumes, tortilha de legumes e ovo e ainda receitas para lanches e pequeno-almoço, como o bolo de caneca.
Do almoço ao lanche, receitas que a nutricionista Liliana Ferreira testou com a calculadora ao lado à frente dos formandos.
“O nosso objetivo é ajudar a rentabilizar ao máximo os valores das prestações da RSI, para mostrar aos formandos como fazer uma refeição de panela, uma jardineira de frango, um arroz de peixe e mostramos isso, com os preços atualizados, com as contas feitas. Quanta custa tomar um pequeno-almoço em casa, ou num café? Quanto custa uma panela de sopa?” descreve a nutricionista da Cáritas Diocesana de Coimbra.
“Normalmente eles têm o apoio de cabazes alimentares, beneficiários do programa operacional de apoio às pessoas mais carenciadas e fazemos com que os conteúdos formativos vão ao encontro do que levam no cabaz. Dar-lhes competências e conhecimentos do que se pode fazer com pouco dinheiro”, esclarece Liliana Ferreira.
A formação sobre Alimentação ‘Económica e Saudável’, surgiu pela primeira vez em 2018 e segue para uma quarta edição este ano, em setembro, dedicada às famílias numerosas e onde não também não vai faltar a receita do bolo de caneca, para deliciar os mais pequenos.