Os preços da habitação aumentaram 8,4% em 2020, desacelerando face ao crescimento de 9,6% em 2019, mas mantendo a "dinâmica de crescimento" apesar do "contexto desfavorável" resultante da pandemia, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta terça-feira.
"Em 2020, apesar do contexto desfavorável decorrente das restrições impostas no âmbito da pandemia de Covid-19, continuou a observar-se uma dinâmica de crescimento dos preços das habitações transacionadas. A taxa de variação média anual do IPHab [Índice de Preços da Habitação] fixou-se em 8,4%, traduzindo uma redução face ao ritmo de crescimento dos preços observado em 2019 (9,6%)", refere o INE.
Segundo o instituto estatístico, o aumento médio anual dos preços das habitações existentes (8,7%) superou o das habitações novas (7,4%), mas, e em linha com os últimos anos, a diferença no respetivo ritmo de crescimento dos preços reduziu-se, passando de 2,5 pontos percentuais em 2019 para 1,3 pontos percentuais em 2020.
Em 2020, foram transacionadas 171.800 habitações, menos 5,3% que em 2019 e o primeiro recuo no número de transações de alojamentos desde 2012, "refletindo o contexto económico adverso decorrente da pandemia de Covid-19".
"Em janeiro e fevereiro, ainda no período pré-pandemia, registaram-se aumentos homólogos de 9,4% e 3,5%, respetivamente, no número de transações. Seguiu-se um período, de março a outubro, onde se observaram taxas de variação homólogas negativas, com maiores amplitudes no segundo trimestre (-21,6%) em consequência das medidas de restrição à circulação e à atividade económica então adotadas", nota o INE.
"Posteriormente, em novembro e dezembro, registaram-se aumentos homólogos de 4,0% e 12,6%, respetivamente, no número de vendas", acrescenta.
Entre as transações realizadas em 2020, 15,5% respeitaram a habitações novas, mais 0,8 pontos percentuais do que no ano anterior.
Em valor, os alojamentos transacionados no ano passado somaram 26,2 mil milhões de euros, mais 2,4% face a 2019, tendo o valor das transações de habitações novas aumentado 9,3%, para 5,4 mil milhões de euros, e o das habitações existentes subido 0,7% para 20,8 mil milhões de euros.
"Após um primeiro trimestre condicionado parcialmente pelo efeito da pandemia covid-19, onde se observou um aumento homólogo de 10,4% no valor das habitações transacionadas, seguiram-se os meses de abril, maio e junho, caracterizados pela forte contração do valor das transações (variação de -15,2% no 2º trimestre). Na segunda metade do ano, registaram-se taxas de variação positivas de 4,4% e 8,7%, respetivamente, no terceiro e quarto trimestres", descreve o INE.
Entre 2016 e 2020, o valor das habitações transacionadas registou um crescimento médio anual de 15,3%, sensivelmente o dobro do aumento de 7,8% do número de transações.
Considerando apenas o quarto trimestre de 2020, a taxa de variação homóloga do IPHab foi 8,6%, mais 1,5 pontos percentuais do que no trimestre anterior, tendo os preços das habitações existentes aumentado a um ritmo inferior ao das habitações novas (8,5% e 9,0%, respetivamente).
Entre outubro e dezembro de 2020 transacionaram-se 49.734 habitações, traduzindo-se numa taxa de variação homóloga de 1,0% e num aumento de 10,2% face ao trimestre anterior.
O valor das habitações vendidas no último trimestre ascendeu a 7,5 mil milhões de euros, mais 8,7% face a idêntico período de 2019.