O ministro da Agricultura considera que a decisão da União Europeia (UE) de prolongar as sanções económicas à Rússia devido à crise na Ucrânia tem impacto directo "pouco significativo" para a suinicultura e o sector do leite portugueses.
Para Portugal, o impacto directo "não é muito significativo, porque nós produzimos apenas 60% das nossas necessidades em termos de carne de porco. É evidente que exportamos alguma, mas importamos mais para compensar essas necessidades", disse Capoulas Santos, que hoje visitou a festa organizada pelo Clube de Produtores Continente, no Parque da Cidade do Porto.
O Conselho da UE decidiu prolongar por mais seis meses, até 31 de Janeiro de 2017, as sanções económicas à Rússia, pelo envolvimento no conflito na Ucrânia.
As sanções -- que visam os sectores das finanças, energia e defesa - foram adoptadas pela primeira vez a 31 de Julho de 2014 por um período de um ano, em resposta às acções russas de desestabilização da situação na Ucrânia e reforçadas em Setembro desse ano.
Em Março de 2015, os líderes da UE acordaram que as decisões sobre as sanções passavam a depender da aplicação dos acordos de cessar-fogo celebrados em Minsk (Bielorrússia), o que deveria ter acontecido até 31 de Dezembro de 2015.
Ao embargo económico da UE, a Rússia ripostou com um contra-embargo a alguns produtos agrícolas. No caso português, esses produtos atingem sectores como a suinicultura e o leite, e, "felizmente, não atingem outros sectores importantes, como por exemplo o do vinho", realçou o ministro.
"O que é importante é que o mercado europeu se regularize, porque estando o mercado europeu regularizado o mercado português [também] estará certamente, porque, em princípio, em Portugal, em primeiro lugar escoa-se a produção portuguesa e agora ainda mais com a rotulagem da carne de porco que tornámos obrigatória", disse.
Segundo o ministro, quanto ao embargo russo, o problema é maior para outros países do que para Portugal, nomeadamente para os grande produtores europeus, como são a Holanda, a Dinamarca, a Alemanha e a própria Espanha.
"Quando o mercado se fechou, eles lançaram a sua produção na Europa e, ao lançar na Europa, aumentou a oferta e obviamente baixaram os preços", sublinhou.
Capoulas Santos admitiu que "o embargo russo é importante também para algumas empresas portuguesas que exportam", mas considerou que, "mais importante do que isso, é que aqueles que nos inundam com a carne de porco possam ver aquela porta reaberta, porque toda a produção que for canalizada para o mercado russo é aquela que não vem para a Europa e, portanto, permite o reequilíbrio do mercado".
Segundo o ministro, Portugal está a trabalhar para levar os produtos nacionais a outros mercados, nomeadamente ao chinês.
"Na próxima semana, terei a oportunidade de receber a visita de um vice ministro chinês, que irei guiar numa visita a empresas suinícolas, porque queremos abrir o mercado da China", disse, em declarações à Lusa, referindo que decorrem também negociações com a Coreia do Sul e com o México.
"Existem negociações, quer no plano bilateral de Portugal quer no contexto da União Europeia, para a abertura de novos mercados, não só para a carne de porco. Ainda esta semana conseguimos abrir o mercado da Colômbia para os produtos lácteos portugueses", acrescentou.