O Irão pode "rever" a política nuclear e desenvolver armas se Israel atacar as instalações do programa atómico do país. A ameaça, avançada esta quarta-feira pela agência de notícias iraniana, é de um comandante do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, uma divisão das forças armadas do Irão.
Segundo a agência de notícias "IRNA", Ahmad Haqtalab - comandante da unidade da Guarda Revolucionária responsável pela proteção das instalações nucleares do Irão -, considerou que as ameaças de Israel não são novas, e que Teerão está pronto para "responder a quaisquer ameaças do regime sionista", atingindo instalações nucleares de Israel se este responder à retaliação do passado sábado.
"Se o falso regime sionista pretende recorrer à ameaça de atacar as nossas instalações nucleares como forma de pressionar o Irão, rever a atual doutrina e política nuclear da República Islâmica e distanciarmo-nos de antigas considerações é possível e concebível", declarou.
Depois da revolução de 1979, o Irão continuou, de forma clandestina, com um programa nuclear que tinha começado em 1950, com o apoio dos Estados Unidos da América.
O Irão insiste desde então que o programa de enriquecimento de urânio tem o propósito único de produzir eletricidade. Mas Israel e muitos países do Ocidente acusam o Irão de ter instalações muito além do que é necessário para fins civis, e de estas trabalharem em conjunto com os projetos de mísseis balísticos.
Em 2015, um acordo do Irão com a União Europeia, os Estados Unidos, a China, a França, a Alemanha, a Rússia e o Reino Unido impôs limites às instalações do programa, em troca do alívio de sanções. Mas os EUA abandonaram o pacto em 2018, com Donald Trump a aprovar novas sanções ao Irão.
Um ano depois, o Irão começou a afastar-se dos termos do acordo, principalmente dos limites de enriquecimento de urânio. Segundo um relatório de outubro de 2023 da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), o Irão aumentou a reserva de urânio para níveis 22 vezes acima do limite acordado em 2015.
No sábado passado, o Irão lançou mais de 300 drones e mísseis contra o território israelita, em retaliação por um ataque de Israel a um consolado iraniano em Damasco, na Síria. Desde aí, foram várias as vezes que o Irão disse estar pronto para uma "resposta muito maior" e usar armas de outro tipo caso Israel voltasse a atacar.