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O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, admite tornar obrigatória a vacina do sarampo, mas sublinhou ser necessário haver bom senso.
Em entrevista à RTP, Campos Fernandes diz, no entanto, que esta questão exige um debate parlamentar alargado e um grande consenso, porque impor a vacina trata-se de uma restrição da liberdade individual.
Nestas declarações, o ministro lembrou que já deu entrada no Parlamento
um projecto lei que visa o capítulo da vacinação. "A presença da lei na
Assembleia da República é uma boa oportunidade para que esse debate e discussão
se iniciem".
Mais do que o plano político, o ministro da Saúde pediu que
este dossier fosse colocado em destaque no plano científico.
"A ciência tem perdido sistematicamente o combate com a opinião e hoje
assistimos a movimentos de opinião absolutamente incompreensíveis, que não têm
nenhuma sustentabilidade científica".
Na quarta-feira morreu a rapariga de 17 anos infectada com sarampo que estava internada no Hospital Dona Estefânia, depois de ter sido contaminada por uma bebé de 13 meses. A jovem, segundo o ministro da Saúde revelou numa conferência de imprensa na Direcção-Geral da Saúde (DGS), não estava vacinada.
O director-geral da Saúde, Francisco George, diz que Portugal tem uma reserva de 200 mil doses de vacina contra o sarampo. A epidemia não vai ter uma expressão preocupante em Portugal, prevê.
Depois deste acontecimento, a DGS veio aconselhar as escolas a afastarem dos estabelecimentos de ensino por um período de 21 dias qualquer membro da comunidade escolar que, depois de exposto ao vírus do sarampo, recuse ser vacinado.
Também na quarta-feira, depois de ser divulgada a morte da jovem de 17 anos, a DGS anunciou a criação de um endereço de correio electrónico através do qual as escolas podem esclarecer dúvidas relativamente aos casos de sarampo: infosarampo@dgs.pt
De acordo com os últimos números divulgados pela DGS, foram notificados em Portugal “46 casos de sarampo, dos quais 21 confirmados e 15 em investigação” e “nos restantes 10 casos foi já excluído o diagnóstico de sarampo”.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, geralmente benigna mas que pode desencadear complicações e até ser fatal. Pode ser prevenida pela vacinação, que em Portugal é gratuita.
Pelo menos 14 países europeus têm registado surtos de sarampo desde o início deste ano, com a Roménia a liderar o número de casos, com mais de quatro mil doentes em seis meses.
Petição pela obrigatoriedade da vacina
Uma petição a defender a vacinação obrigatória já recolheu mais de 1.158 assinaturas, segundo o documento divulgado no site Petição Pública.
No texto da petição, que aparece no topo da lista das últimas petições criadas no ‘site’ Petição Pública, os signatários defendem que “é cada vez mais importante alertar as pessoas para a necessidade de vacinar as crianças”, depois de na quarta-feira ter sido conhecida em Portugal a primeira morte por sarampo, de uma jovem de 17 anos que não estava vacinada.
“Por uma questão de saúde pública, não queremos que exista um retrocesso civilizacional no que à evolução médica diz respeito”, recordam os signatários da petição, que até às 9h00 tinha recolhido 1.158 assinaturas, algumas de médicos e outros profissionais de saúde.
Para defender a obrigatoriedade das vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação, os signatários lembram que “estas mesmas crianças não vacinadas (…) podem ser foco de infecção para quem tem um sistema imunitário fraco ou para quem não pode ser, de todo, vacinado” e reconhecem que “muitos dos casos que agora surgem de doenças para as quais já há vacinas não se prendem, directamente, com os movimentos antivacinação”.
“Porque não queremos voltar a temer doenças como a tuberculose, o sarampo, a escarlatina ou a tosse convulsa, vimos pedir que seja pensada a obrigatoriedade da vacinação de todas as crianças – e apenas das vacinas que constam do Plano Nacional de Vacinação, que sabemos ser um dos mais robustos da Europa”, defende a petição.