“Não acredito que no Parlamento alguém vote contra o sentido do referendo. Aqueles que votaram por ficar devem votar de acordo com o que o povo britânico decidiu no referendo”, diz António Vitorino.
Quanto a Santana Lopes, acredita que o Parlamento poderá impor algumas alterações à forma como o Reino Unido vai fazer o “divórcio da UE”. O ex-Primeiro-ministro recorda a ironia da política: “A defesa do papel do Parlamento era muito defendido pelos que queriam a saída do Reino Unido sem se ouvir o povo e esses são os que agora defendem o contrário”.
Numa análise ao discurso de Theresa may e das exigências que estão a fazer caminho em Londres em relação à saída, Vitorino acha que aquilo que ela disse “é um corte bastante radical e não será fácil convencer os outros 27 a aceitar uma escolha de que aceito o que é bom, mas rejeito o que é mau para o acordo de saída”. Há pressões e “os negociadores não poderão estar insensíveis, apesar de o continente não poder aceitar que Londres tenha tudo o que quer”.
Já quanto às novas relações com os Estados Unidos, a chegada de Trump à Casa Branca veio “baralhar tudo” em termos de tratados comerciais. “Acordos comerciais bilaterais não haverá” dado o novo proteccionismo dos EUA, diz Vitorino. Poderá haver, acha o ex-comissário, apenas acordos nalguns sectores económicos e não entre blocos económicos.