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No último ano, chegaram a Portugal 1.500 refugiados. O número fica aquém da quota prevista, mas o balanço não deixa de ser positivo.
“Portugal tinha uma capacidade disponível até 4.500 lugares para acolher refugiados no processo de recolocação. Não foi necessário usar tantos lugares no sentido de que o número de refugiados que estava na Grécia e em Itália, elegíveis para este programa de recolocação, foi menor do que os 160 mil que inicialmente estavam previstos e, portanto, Portugal fez tudo o que deveria ter feito. Quer o Estado, com diferentes governos, quer a sociedade civil”, afirma na Renascença o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR).
Rui Marques explica que “Portugal adoptou um modelo de acolhimento que é inovador, distinto de outros países europeus”.
“Não temos centros de refugiados ou campos, temos sim um acolhimento na nossa comunidade, um pouco por todo o país, onde instituições – que chamamos instituições anfitriãs – acolhem, cuidam de uma família, procurando integrá-la na comunidade”, afirma, para acrescentar que o objectivo é que as famílias se tornem progressivamente autónomas.
Assim, dos refugiados acolhidos cá, todas as crianças em idade escolar “estão na escola e com índices de sucesso muito significativo, muitas delas falando fluentemente português e integradas com os seus colegas; nos adultos, metade dos que estão entre nós em idade de trabalho e com condições para trabalhar já se encontram no mercado de trabalho”.
“E nós temos a ambição de acompanhar, de uma forma muito próxima, cada uma das instituições, e a PAR como um todo, o apoio a estas pessoas para que possam ser autónomas, porque o objectivo é que, no final dos dois anos, possam ser autónomas”, reforça.
Convidado no programa Manhã da Renascença neste Dia Mundial do Migrante, Rui Marques sublinha que “há uma diferença muito grande entre imigrante e refugiado: refugiado é alguém que não queria sair da sua casa, não queria sair da sua cidade, mas foi obrigado a fugir da sua casa. E o primeiro sonho que um refugiado tem é regressar a casa. Assim que tenha paz e condições”.
Daí que o coordenador da PAR valorize tanto o trabalho feito em Portugal por todas as instituições.
“Portugal esteve desde o início com a atitude correcta, abriu as suas portas para acolher refugiados e foi acolhendo. Alguns mantêm-se entre nós, precisando deste apoio para integração e para recomeçarem uma vida autónoma, outros conseguiram autonomizar-se mais cedo e seguiram independentes, mas o balanço, é importante que se diga, é francamente positivo”, refere.
Rui Marques aproveita para destacar o papel da sociedade civil, que “respondeu de imediato com enorme generosidade e com capacidade inovadora no modelo de acolhimento e integração disperso por todo o país”.
E diz que o balanço é ainda positivo, “porque até hoje não se registou nenhum problema sério no que diz respeito a esse acolhimento e integração – pelo contrário, tem corrido tudo muito bem: temos mais de 120 crianças que chegaram refugiadas e mais de 16 bebés já nasceram em Portugal com todas as condições de saúde, segurança. Quando pensamos nessa realidade, percebemos que Portugal tem vindo a fazer aquilo que deve”, reforça.
Também em entrevista à Renascença, a propósito do Dia Internacional do Migrante, a directora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, Eugénia Quaresma, diz que cada vez mais as pessoas que fogem das consequências das alterações climáticas, além da guerra, da pobreza e da fome. E defende que não podem continuar a ser tratadas como animais.