Ao ver pela primeira vez a igreja de Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique, destruída pelos terroristas, o padre Kwiriwi Fonseca sentiu "muita dor".
Depois daquela vila portuária ter sido recuperada aos terroristas numa operação militar que juntou militares do Ruanda e de Moçambique, o sacerdote conseguiu viajar este fim de semana até ao local e ver com os seus próprios olhos como estava a igreja.
Numa mensagem enviada para a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o padre Fonseca descreveu em breves palavras o choque que sentiu ao ver a igreja, datada de 1954, praticamente reduzida a um monte de escombros: "Ali ao fundo, era onde se encontrava o altar. É muita dor, é muita dor".
O também responsável pela comunicação da Diocese de Pemba fala em "imagens chocantes" e explica que os terroristas "vandalizaram e destruíram tudo no edifício paroquial de Mocímboa da Praia".
Esta era uma igreja que "representava muito para a população local", era também "um símbolo de amizade com os muçulmanos, um símbolo de diálogo, um símbolo de aproximação".
Na mensagem enviada para a AIS, o padre Kwiriwi Fonseca lança um apelo e formula um desejo: "Que o terrorismo não acabe com os nossos sonhos, as nossas perspetivas e seja só aquilo que já aconteceu, mas não o término de uma presença cristã na região de Mocímboa da Praia".
Nesse sentido, o sacerdote apela a que sejam feitas orações e pede ainda a solidariedade da comunidade cristã em todo o mundo para que a reconstrução do templo possa realizar-se logo que a diocese entenda haver condições de segurança para o regresso à atividade paroquial: "Gostaríamos que nos acompanhassem com as vossas orações e com o vosso apoio, com a vossa forma bastante rica de olhar pelas igrejas que sofrem, e encontrassem benfeitores e pessoas motivadas para a reconstrução do símbolo do que é a igreja nesta região".
As primeiras imagens recolhidas pela televisão de Moçambique mostram Mocímboa da Praia como uma vila fantasma, apenas povoada por soldados, num cenário de destruição quase total. Praticamente todas as infraestruturas foram arrasadas. Apenas algumas casas que terão sido ocupadas pelos terroristas escaparam à devastação.
Recorde-se, que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre enviou um contributo de emergência no valor de 160 mil euros, em março passado, para apoiar as populações deslocadas.
Desde o início dos ataques, no final de 2017, por parte de grupos armados que dizem pertencer ao Daesh, os terroristas do Estado Islâmico, calcula-se que haverá mais de três mil mortos e para cima de 800 mil deslocados, segundo dados das autoridades moçambicanas.