O governo da China reiterou este sábado a sua oposição à declaração de Estado soberano por Taiwan, apesar da esmagadora vitória eleitoral da atual presidente, a independente Tsai Ing-wen. "Nós opomo-nos veementemente a qualquer forma de 'independência de Taiwan'", disse Ma Xiaoguang, porta-voz do gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (do Executivo Chinês), num breve comunicado divulgado pela imprensa estatal.
A posição chinesa não mudou apesar da histórica vitória de Tsai, e Ma lembrou que continuarão a procurar a "reunificação pacífica" daquela ilha com a China continental, através do princípio 'um país, dois sistemas'. Ou seja, o mesmo princípio que vigora em Hong Kong e Macau, territórios que estiveram sob administração inglesa e portuguesa, respetivamente, e que voltaram há décadas para a soberania chinesa, mantendo, porém, um alto grau de autonomia em várias áreas do governo.
O porta-voz do governo chinês relembrou que a China aderiu ao chamado "princípio de uma China única", num acordo alcançado em 1992, que estabelece que existe apenas um país chamado China e que Pequim e Taipei reivindicam a soberania de todo o território, incluindo a ilha de Taiwan e a China continental. Após o fim da guerra e o estabelecimento da China comunista, em 1949, o líder da República da China derrotado, Chiang Kai-shek, e as suas tropas exilaram-se na ilha de Taiwan, onde continuaram com seu regime, e nos anos 90 começaram a realizar eleições democráticas.
No entanto, Pequim ainda considera a ilha uma província rebelde.
Ma disse que a China está "disposta a trabalhar" com os "compatriotas de Taiwan para promover o desenvolvimento pacífico das relações" entre ambas as partes do Estreito da Formosa, embora tenha repetido imediatamente a ideia de "reunificação pacífica da pátria mãe, de a cordo com o consenso atingido em 1992”, negando a possibilidade de um Taiwan independente.
A atual presidente de Taiwan declarou-se vencedora das eleições realizadas no sábado, ao receber mais de 8,1 milhões de votos (57,1% do total), enquanto o seu principal rival, Han Kuo-yu, do Kuomintang (KMT), obteve 5,5 milhões de votos, 38,6%. As eleições foram marcadas pela deterioração das relações entre Taipei e Pequim, desde que Tsai assumiu o cargo, em 2016, e Han foi apresentado como uma alternativa para melhorar as relações com a China.
No entanto, o KMT perdeu a vantagem que as sondagens lhe deram há menos de um ano, devido à repressão dos protestos em Hong Kong e à posição do presidente chinês Xi Jinping, que não excluiu o uso da força para alcançar a aguardada reunificação de Taiwan com a China.
No seu discurso, depois da vitória nas eleições, Tsai disse que espera que Pequim possa "interpretar o sinal" dado pelos resultados eleitorais, o que, defendeu, mostra que os taiwaneses não aceitam as "ameaças" da China.
A Presidente cessante de Taiwan, Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista (pró-independência), foi reeleita para um segundo mandato presidencial, vitória que sinaliza a forte oposição dos eleitores da ilha às revindicações da China sobre aquele território. “Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos o nosso modo de vida livre e democrático, bem como a nossa nação”, afirmou Tsai Ing-wen, em declarações à comunicação social, anunciando a sua vitória nas eleições presidenciais hoje realizadas.
No escrutínio de hoje, Tsai Ing-wen derrotou dois adversários: Han Kuo-yu, o principal candidato da oposição que concorria pelo Partido Nacionalista, e James Soong (conservador e favorável a Pequim) do pequeno Partido Primeiro o Povo. Com 99,75% dos votos escrutinados, Tsai Ing-wen venceu o escrutínio com 57,2% dos votos, contra os 38,6% do candidato Han Kuo-yu, segundo os dados divulgados pelas agências internacionais.