O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) pede ao Governo um reforço de verbas para contratar investigadores por tempo indeterminado, alertando que há 1.200 investigadores em risco de ficar sem contrato.
Em declarações à Renascença, o presidente do CRUP António Sousa Pereira considera que este é um problema que deixa as instituições de ensino superior de mãos atadas e com consequências a partir de setembro.
“Não se vislumbra uma solução para garantir a continuidade do trabalho deles, quer nas universidades, quer nos institutos de investigação”, assegura.
António Sousa Pereira lembra que cerca de metade dos investigadores do país trabalham em instituições de ensino superior e nas unidades de investigação que funcionam no seu perímetro.
Este responsável defende que a responsabilidade de escolha de investigadores devia passar da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) “acompanhado de uma fatia de orçamento que permitisse às instituições de ensino superior e aos institutos de investigação terem a sua própria palavra a dizer na seleção destes investigadores”.
Sousa Pereira sugere até a criação de “uma carreira de investigação” com o compromisso “que o dinheiro que fosse transferido com esse objetivo seria efetivamente gasto nesta função”.
A posição do CRUP surge na sequência da reunião tida em maio que juntou a ministra Elvira Fortunato e a presidência da FCT, e onde foi apresentado o documento "Mecanismo de Apoio ao Desenvolvimento de Atividades de I&D" que pretende estimular a contratação por tempo indeterminado.
O CRUP aplaude os objetivos do documento e o facto de haver "pela primeira vez, uma proposta por parte da tutela para a resolução do problema da vinculação dos investigadores que agora terminam os seus contratos".
No entanto, defende que "as medidas de política a adotar têm que assegurar a manutenção, e eventualmente a ampliação, de recursos humanos qualificados no campo da investigação e o reforço de contratos de longa duração, como condição para a promoção da qualidade do sistema científico".
Criar condições financeiras para as universidades poderem desenvolver uma estratégia própria no eixo de missão da investigação, incluindo a criação de posições contratuais permanentes, é por isso uma das medidas reclamada pelo CRUP.
Os reitores pedem ainda o lançamento de programas especialmente vocacionados para manter os investigadores mais qualificados e avançados na carreira assim como uma revisão da carreira de investigação, "de modo a permitir maior segurança, equidade de progressão e avaliação e mobilidade entre carreiras".
[notícia atualizada às 16h02]