A organização britânica Save the Children alertou, esta quinta-feira, para o número de crianças desnutridas no nordeste da Síria e apelou aos líderes mundiais que “reconheçam o impacto das mudanças climáticas nas comunidades e crianças no mundo, como está a acontecer com a seca” naquele país do Médio Oriente.
“O número de crianças desnutridas no nordeste da Síria aumentou mais de 150% nos últimos seis meses, com pelo menos 10 mil crianças desnutridas a mais do que nos seis meses anteriores”, diz a organização não-governamental.
Segundo dados da ONU, 90% dos 18 milhões de sírios vivem na pobreza.
Neste contexto, a Save the Children alerta que o “número de crianças desnutridas cresce a cada dia” e exemplifica com o aumento muito significativo de exames de crianças desnutridas nos seus 19 centros de nutrição nos campos e nas comunidades do nordeste da Síria – “quadruplicaram, de 256 passaram para mais de 1.000”.
A organização britânica lembra que nos últimos três anos, a combinação do conflito, da seca, da crise financeira libanesa e da pandemia de Covid fez com que a moeda síria caísse para níveis nunca registados. Os preços dos alimentos dispararam, com um aumento de quase 800% entre 2019 e 2021 e continuam a subir em 2022, enquanto o rendimento médio das famílias não aumentou.
“Esta situação está a condenar cada vez mais pessoas a passar fome”, alerta.
“Apesar de quase 12 anos de conflito na Síria e da persistência do conflito em algumas partes do país, hoje o agravamento da situação económica tornou-se a principal causa das dificuldades da população. Pelo menos 60% da população está atualmente em condições de insegurança alimentar e a situação está a piorar a cada dia”, diz Beat Rohr, diretor interino do escritório de resposta Síria da Save the Children, citado pela agência SIR.
A organização insiste, por isso, no apelo aos doadores para que intensifiquem os esforços para ajudar a enfrentar a crise alimentar e aliviar seu impacto devastador sobre as crianças, e aos líderes mundiais para que reconheçam os impactos climáticos que já estão a afetar comunidades e crianças em todo o mundo.