Emissões rodoviárias aumentaram 6,2% em 2023
18-09-2023 - 07:00
 • Fábio Monteiro

Segundo a associação ZERO, é preciso “rever fortemente os incentivos que as empresas ainda têm à aquisição de veículos movidos a combustíveis fósseis”. É também urgente “como começar a fazer regressar residentes ao centro das maiores cidades portuguesas que são também as que possuem a melhor rede de transporte público”, defende.

As emissões da gasolina e gasóleo consumidos em Portugal aumentaram 6,2% em relação ao período pré-pandemia, avança a associação ZERO esta segunda-feira.

Em declarações à Renascença, Acácio Pires, da associação ambientalista, alerta que as emissões dos transportes ameaçam metas climáticas do país.

“Devíamos estar a ver uma redução de 2% por ano” para conseguir alcançar os objetivos propostos na revisão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) para 2030. “É preciso aumentar bastante o investimento em transporte público e a eletrificação desses veículos.”

O especialista diz que não há “explicações cabais” para o aumento registado este ano, mas há algumas “hipóteses” a considerar.

Por um lado, as pessoas “podem ter-se afastado do transporte público com medo de contágio [no período da pandemia] e não regressaram”. Por outro, com o aumento do trabalho híbrido, ter um passe de transportes públicos deixou de ser vantajoso. “É necessário modernizar o sistema de passes.”

Até julho de 2023, de acordo com dados das Estatísticas Rápidas dos Combustíveis Fósseis, as emissões totalizaram 18,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono (Mt CO2), mais 6,2% do que em relação ao mesmo período terminado em julho de 2019, em situação pré-pandemia.

O aumento de emissões foi mais visível no consumo de gasolina 95, que viu as suas emissões, em termos de ano[1]móvel, aumentar entre julho de 2019 e julho de 2023, em 12,9%, atingindo 3,2 Mt CO2 no total do ano, mais do que no gasóleo, cujas emissões, no mesmo período, subiram 4,9% para as 14,6 Mt CO2 no total do ano.

Segundo a ZERO, é preciso rever fortemente os incentivos que as empresas ainda têm à aquisição de veículos movidos a combustíveis fósseis.

É também urgente “não só estancar a saída, como começar a fazer regressar residentes ao centro das maiores cidades portuguesas que são também as que possuem a melhor rede de transporte público e onde mais facilmente se pode dispensar o uso de automóvel individual”, defende.