A alta tensão na Catalunha é já motivo de forte preocupação para os empresários espanhóis e portugueses, que recordam a desconfiança gerada em 2017, quando a região referendou a independência . Na altura, os investimentos caíram a pique, perante a incerteza.
Quanto mais tempo pode durar a instabilidade na Catalunha até que a tensão afete os negócios da região? Enrique Santos, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola (CCILE), sublinha à Renascença que a Catalunha tem uma enorme importância económica para Portugal.
"Obviamente que esta situação é preocupante. Tudo o que acontece em Espanha tem reflexos em Portugal e muito particularmente na Catalunha, porque é a região espanhola que mais vende para Portugal e a segunda que mais compra”, explica.
O empresário põe números em cima da mesa: de janeiro a julho, a Catalunha vendeu a Portugal quase três mil milhões de euros em bens e produtos e comprou 1,1 mil milhões. “Esta crise ainda não está a abalar as transações porque ainda só começou há uns dias, mas, se se prolongar, é óbvio que a vamos sentir", admitiu. São estas as certezas da incerteza.
Gabriel Jimeno, um empresário catalão que faz parte da direcção da CCILE, conta à Renascença que, por agora, a instabilidade na Catalunha está a afetar sobretudo o turismo mas "ainda não teve grandes consequências no plano económico".
"Em 2017, quando um investidor tinha que ampliar capital ou fazer um novo investimento na Catalunha, tinha mais dúvidas e colocava mais perguntas. Logicamente que, quando isso acontece, o impacto é negativo. Naquela altura foi assim e seguiram-se dois anos de tranquilidade que permitiram recuperar a confiança. Mas se a situação que estamos agora a viver se prolongar no tempo seguramente que a desconfiança voltará a instalar-se", conclui.
O empresário espera que se possa “recuperar o diálogo entre as partes” para uma convivência em paz mas tem “algumas dúvidas” de que isso possa acontecer.
"Sigo estes acontecimentos com alguma preocupação. Há algumas derivas violentas na cidade e as pessoas de bem só podem estar apreensivas. Queremos que as coisas não se compliquem mais, mas ninguém sabe como irá isto acabar”, refere.