Vladimir Putin ordenou esta segunda-feira, de acordo com agências de notícias russas, a abertura de um corredor humanitário que permita a evacuação de civis que continuam presos em Ghouta, o enclave rebelde nos arredores de Damasco que tem sido alvo de intensos combates nas últimas semanas.
Depois de o Conselho de Segurança da ONU ter votado a favor da declaração de um cessar-fogo de 30 dias na Síria, os russos começaram por dizer que a ser implementado, este não abrangeria alguns dos grupos armados que lutam contra o regime em Ghouta, por serem aliados da al-Qaeda e por isso terroristas.
Mas esta segunda-feira Vladimir Putin ordenou a implementação de um cessar-fogo diário, a começar na terça-feira, entre as 9h e as 14h, não havendo indicação de que haja grupos excluídos do acordo.
A abertura de um corredor humanitário permitirá a saída de civis, diz ainda o ministro da Defesa da Rússia. Resta saber, porém, se os grupos rebeldes que controlam Ghouta permitirão a saída dos civis, uma vez que estes funcionam também como escudos humanos e a sua morte – mais de 500 nas últimas semanas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos – mantém a pressão mediática e internacional sobre o regime de Bashar al-Assad.
Mas o regime, apoiado por russos, iranianos e uma variedade de milícias, incluindo o Hezbollah, já passou por uma situação idêntica quando sitiou e acabou por libertar Alepo oriental. Também nessa altura a comunidade internacional insurgiu-se contra o suplício a que foi votada a população civil de Alepo, que foi impedida de abandonar a zona pelos rebeldes da Frente al-Nusra que a controlava. A situação só acabou quando, numa situação já insustentável, os rebeldes aceitaram partir e ser evacuados para outras partes da Síria. A cidade de Alepo está agora unificada e livre de combates.
Terroristas para todos os gostos
Entretanto os combates também prosseguem em Afrin, junto à fronteira com a Turquia. A região era controlada pelas Forças Democráticas Sírias, uma aliança de milícias curdas, árabes e cristãs, dominada pelos curdos da YPG que, por sua vez, a Turquia acusa de serem aliadas do PKK, o grupo armado curdo que luta contra o regime turco na Turquia.
As Forças Democráticas Sírias surgiram numa altura em que o exército Sírio abandonou a região e eram oficialmente inimigas de Damasco. Durante os últimos anos, contudo, lutaram contra o Estado Islâmico e o conflito com o regime ficou adormecido. Nas últimas semanas qualquer hostilidade foi substituída por colaboração face a uma operação militar que a Turquia lançou na região de Afrin contra os curdos e seus aliados.
A França, uma das potências que patrocinou a resolução por um cessar-fogo na Síria, já informou a Turquia de que esta se estende a Afrin, mas o vice-primeiro-ministro turco, em declarações à televisão do seu país, diz que os curdos não são abrangidos por se tratarem de terroristas.
Ao mesmo tempo os americanos continuam a sua missão de tentar destruir as últimas bolsas de resistência do Estado Islâmico junto ao Rio Eufrates e também esses combates se mantém, pois o entendimento geral é de que o Estado Islâmico não é abrangido pelo cessar-fogo acordado na ONU, por serem terroristas.