A Santa Sé anunciou esta segunda-feira que o Papa Francisco vai marcar presença numa cerimónia conjunta com a Federação Luterana Mundial no dia 31 de Outubro de 2016, para assinalar a reforma protestante.
A cerimónia terá lugar na cidade de Lund, onde em 1947 se fundou a federação, que congrega actualmente cerca de 72 milhões de pessoas, de 79 países diferentes. Não existe qualquer igreja luterana portuguesa representada nesta organização.
Esta participação de Francisco é entendida como um gesto ecuménico e vem na sequência de vários outros que tem tido durante o seu pontificado, incluindo encontros com importantes pastores protestantes. Mas o facto de este encontro estar a ser apresentado por alguns quadrantes como uma celebração da reforma, que dividiu a Igreja Católica e conduziu a guerras e divisões por toda a Europa, está a motivar bastantes críticas.
Lutero iniciou a reforma simbolicamente com a publicação das suas 95 teses, a 31 de Outubro de 1517, e acabou por ser excomungado e condenado oficialmente pela Igreja Católica. O encontro com a participação do Papa assinalará o começo do 500º aniversário da reforma.
Contudo, a cerimónia resulta de anos de diálogo entre a FLM e o Vaticano e o guião que já foi aprovado realça aspectos como a acção de graças, a reconciliação e o perdão. Em vez de entender a reforma como um episódio único e divisivo, ambas as partes optaram por olhá-la como o começo de uma caminhada conjunta, sublinhando antes aquilo que ambas as denominações têm em comum.
Por exemplo, a secção sobre arrependimento admite que as guerras causadas pela reforma resultaram na morte de centenas de milhares de pessoas e contraria a mensagem evangélica. No guião lê-se que católicos e luteranos se arrependem “profundamente das coisas más que católicos e luteranos fizeram uns aos outros” ao longo dos séculos.
Desde o Concílio Vaticano II, quando o diálogo entre católicos e luteranos começou verdadeiramente, foram assinadas já declarações conjuntas sobre aspectos doutrinais e teológicos.