Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Depois da primeira semana de campanha eleitoral, o PAN mostra-se confiante quanto à eleição de um grupo parlamentar, mas sem querer voar demasiado alto.
Até quando foi confrontada com o resultado da última sondagem da Universidade Católica para a RTP e jornal Público - e que abria a possibilidade de o PAN eleger dois deputados -, a porta-voz do partido disse que o crescimento “permite mais forças” para as causas ambientalista e animal, mas sublinhou que analisa as sondagens sempre “com cautela”.
Neste teste do algodão pela sobrevivência ou pelo crescimento, Inês Sousa Real começa a piscar o olho aos eleitores que fugiram nas últimas legislativas - em 2022, o PAN perdeu mais de 86 mil votos e passou de quatro para apenas um deputado.
Para isso, o partido parece ter apostado as fichas todas na estratégia de se afastar da trapalhada na Madeira e da queda do governo regional.
Depois de semanas sem mudar o discurso, Inês Sousa Real deixou de insistir na narrativa de que foi o acordo parlamentar com o PAN que permitiu acabar com a “maioria absoluta de Miguel Albuquerque”.
Porém, as críticas que faz à direita não se ficam por aí - e tudo parece um pretexto para deixar farpas à coligação PSD/CDS/PPM, que até já chegou a chamar de "Aliança Não-Democrática".
Sobre o PS, os comentários têm sido reduzido: apenas que as propostas ambientais socialistas pouco diferem das que são apresentadas pela AD.
Sem uma resposta firme do PAN sobre acordos depois das eleições, terá de se esperar pelo capítulo da próxima semana para saber o que se segue neste longo livro da governabilidade - e perceber se a carava ambientalista guina para a direita ou para a esquerda.
Há mais vida para além do ambiente
Além das acusações políticas, a caravana do PAN tem procurado equilibrar ações dedicadas às bandeiras ambientalistas do partido com outras iniciativas mais generalistas. Por exemplo, com visitas a estabelecimentos prisionais ou reuniões com corporações de bombeiros sobre a atribuição do subsídio de risco idêntico ao da Polícia Judiciária.
O partido tenta ainda passar uma imagem de união, depois das várias críticas cerradas do antigo líder, André Silva: ao lado de Inês Sousa Real, estão sempre os números dois e três por Lisboa, António Valente e Pedro Marques.
Contudo, e apesar do esforço, é nas ações fora do nicho ambientalista que o PAN parece colocar o pé na argola. Nas arruadas e ações de rua, há poucos que se juntam e que conhecem o partido. Na visita à Quinta dos Ingleses, em Carcavelos, na última quarta-feira – que está em risco de desaparecer para dar lugar a um complexo turístico –, Inês Sousa Real preferiu focar-se nos impactos ambientais das obras e abordar apenas superficialmente as muitas pessoas em situação de sem-abrigo que ali vivem em tendas.
Depois de ir ao Norte, Alentejo, Algarve e até Madeira, a caravana do PAN deve agora ficar maioritariamente pela zona de Lisboa – ao que parece, para recuperar o segundo deputado que aí perderam em 2022.