Um ex-comandante do grupo mercenário russo Wagner, que lutou na Ucrânia, disse ter fugido para a Noruega e pedido asilo, temendo pela vida.
Andrei Medvedev, que se juntou ao grupo em julho de 2022, com um contrato de quatro meses, disse num vídeo publicado pelo grupo de direitos Gulagu.net que tinha cruzado a fronteira para a Noruega antes de ser detido pela polícia norueguesa.
Segundo a Reuters, Medvedev, que se juntou ao Exército russo e cumpriu uma pena na prisão antes de combater na guerra da Ucrânia, disse que se afastou do grupo depois de testemunhar o assassinato de desertores capturados pelo grupo Wagner.
“Tenho medo de morrer em agonia”, disse Medvedev a Vladimir Osechkin, fundador do grupo de direitos Gulagu.net, que assumiu ter ajudado Medvedev a deixar a Rússia.
De acordo com o seu próprio relato, atravessou a fronteira, escalou cercas de arame farpado, fugiu de uma patrulha de fronteira com cães, ouviu os guardas a dispararem tiros enquanto corria por uma floresta e sobre o gelo fino.
Já a polícia norueguesa, que não confirmou a identidade do detido, disse que um cidadão estrangeiro foi “detido pelos guardas fronteiriços noruegueses e pela polícia norueguesa às 1h58” da manhã de sexta-feira.
“Pediu asilo à Noruega”, confirmou Tarjei Sirma-Tellefsen, responsável pela polícia de Finnmark, no norte da Noruega.
Por sua vez, o advogado de Medvedev disse que este se encontra atualmente em Oslo, sem adiantar outros detalhes.
“O que é importante para ele [Medvedev] é que as autoridades de imigração esclareçam o seu estatuto o mais rápido possível”, disse à Reuters, recusando-se a esclarecer em que operações de combate esteve o seu cliente envolvido na Ucrânia.
“Ele diz que participou em batalhas, em situações claras de batalha, mas que não esteve em contacto com civis”, disse o advogado.
Já o fundador do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse que Medvedev trabalhou numa célula norueguesa do grupo, mas acusou-o de ter “maltratado prisioneiros”.
“Tenham cuidado, ele é muito perigoso”, disse Prigozhin num comunicado divulgado pela sua porta-voz. No documento, Prigozhin nunca abordou as alegações a assassinatos e maus-tratos de prisioneiros pelos mercenários.