O Presidente russo, Vladimir Putin, terá assinado um decreto que autoriza o uso alargado de armas nucleares.
De acordo com a agência France Press, o documento determina que um ataque nuclear por parte de Moscovo pode ser justificado se for em resposta a uma agressão contra a Rússia ou qualquer país aliado por parte de um Estado não nuclear que seja apoiado por uma potência nuclear.
Putin reclama também o direito de retaliação nuclear em caso de ataque aéreo de grande escala com armas não nucleares, incluindo drones.
A decisão de mudar a política nuclear oficial da Rússia é a resposta do Kremlin à decisão do Governo do Presidente dos EUA, Joe Biden, de permitir que a Ucrânia dispare mísseis de longo alcance norte-americanos contra a Rússia.
Contudo, na leitura do general Arnaut Moreira, este decreto para o uso de armas nucleares será uma mera formalidade.
À Renascença, Arnaut Moreira diz que a Rússia não tem autonomia estratégica para iniciar um conflito à escala global.
Mil dias depois, "o Ocidente não está assustado"
“A Federação Russa só é uma potência global de natureza nuclear. De resto, não tem competência para definir uma guerra de natureza mundial”, afirma.
O general acrescenta ainda que a Rússia “é um Estado absolutamente dependente da China”, e que “para a aplicação de poder de natureza nuclear precisa de autorização da China”.
“E não me parece que a China esteja interessada em levar as coisas para esse patamar”, conclui.
A assinatura do decreto ocorre quando se assinalam mil dias da ofensiva russa contra a Ucrânia e dois dias depois de Joe Biden ter autorizado a Ucrânia a utilizar mísseis táticos do exército norte-americano contra alvos em solo russo.
"Isto mostra que, afinal, o Ocidente não está assustado com Putin e que se mantém disponível para apoiar a Ucrânia", sublinha o militar.
Por outro lado, acrescenta, "há um conjunto de títulos, normalmente com letras garrafais, mas depois não temos atenção aos asteriscos, que são as limitações: uma coisa é o anúncio público de que está autorizado o uso destes mísseis; depois, falta conhecer em detalhes em que condições é que são utilizados, quais os alvos e com que profundidade".
"Nós não conhecemos o verdadeiro alcance desta autorização, do ponto de vista militar. Mas, do ponto de vista político, o impacto é brutal", conclui.
[notícia atualizada às 11h38]