O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) exigiu esta quarta-feira o aumento dos salários, inclusive do salário mínimo para 850 euros, para responder à situação de perda “brutal” do poder de compra durante este ano.
“Os trabalhadores não prescindem de exigir o aumento dos salários, que reponha a perda de poder de compra, que foi brutal durante este ano”, afirmou o presidente do STAL, José Correia, em declarações à agência Lusa.
O dirigente sindical falava no âmbito de um convívio de celebração do 47.º aniversário do STAL, que juntou cerca de 130 pessoas no Jardim de Santos, em Lisboa, vindas de todo o país, inclusive das 22 direções regionais do sindicato, incluindo das regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
“É um momento de confraternização que temos aqui, mas também de preparação para a luta”, disse o presidente do STAL, indicando que o aumento do salário mínimo para 850 euros é uma questão prioritária entre as reivindicações dos trabalhadores da administração local, uma vez que aproximadamente 20% dos cerca de 130 mil trabalhadores da administração local e regional em todo o país, incluindo o setor empresarial local, auferem o salário mínimo.
O sindicato enviou ao Governo “uma carta aberta contra o empobrecimento”, que está também a ser entregue nos órgãos municipais, referiu José Correia, adiantando que o executivo nacional (PS), em negociações que encerrou em junho com o STAL, afirmou que “não irá rever a questão de um aumento extraordinário de salários este ano”, apesar de a taxa de inflação em julho ter atingindo os 9,4% e da atualização salarial ter sido de 0,9% este ano.
“Há uma perda do poder de compra brutal”, reforçou o dirigente sindical, referindo que essa preocupação será incluída na proposta reivindicativa para 2023, no âmbito do Orçamento do Estado, em que “o Governo vai ter que negociar com os sindicatos”.
Além da reposição do poder de compra perdido este ano, com “um aumento dos salários imediato”, o STAL defende a revogação do SIADAP – Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública e a correção da Tabela Remuneratória Única.
“Iremos discutir com os trabalhadores, a partir do início de setembro, a sua mobilização para exigir isto, que levará, com certeza, à aprovação de formas de luta que, neste momento, obviamente, não consigo antecipar, mas que vamos discutir com os trabalhadores o prosseguimento e a intensificação da luta, provavelmente no mês de outubro”, declarou José Correia.
Questionado sobre a disponibilidade do Governo para avançar com o salário mínimo, com efeitos a partir de janeiro de 2023, o presidente do STAL respondeu que compete ao sindicato “lutar” para que tal se concretize, realçando que essa é uma “velha máxima” que tem permitido conquistas ao longo dos seus 47 anos de existência.
“Após vários anos, continuamos sem que o Governo dê resposta a um conjunto de reivindicações que são justas, que são urgentes, que são necessárias, que são possíveis e que nós reclamamos, particularmente a perda de poder de compra, mas a questão que tem a ver com as carreiras e com a dignificação do estatuto de trabalhador da administração local”, frisou o dirigente sindical.
De acordo com o STAL, o poder de compra dos trabalhadores em Portugal “diminuiu, em média, 15,4% desde 2009”, afirmando que “são 13 anos consecutivos a perder poder de compra, o que é inaceitável”.