O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha todos os países a tomar medidas contra o novo coronavírus, pois “podemos estar a ver apenas a ponta do iceberg”.
O alerta chega através do Twitter nesta segunda-feira.
Tedros Adhanom Ghebreyesus diz que “numa emergência de saúde pública em evolução, todos os países devem intensificar os esforços para se preparar para a possível chegada do #2019nCoV e fazer o máximo para contê-lo, caso chegue”.
“Isso significa capacidade de laboratório para diagnóstico rápido, rastreamento de contactos e outras ferramentas no arsenal de saúde pública”, acrescenta.
O diretor-geral da OMS recorda que “houve alguns casos preocupantes de #2019nCoV a partir de pessoas sem histórico de viagens para China” e que “a detecção de um pequeno número de casos pode indicar uma transmissão mais difundida em outros países”.
“Em resumo, podemos estar vendo apenas a ponta do iceberg”, conclui.
Nesta segunda-feira, um grupo de peritos da OMS viajou até Pequim para ajudar a investigar o novo vírus e trabalhar na resposta.
No Twitter, a organização divulga um vídeo com várias perguntas e respostas sobre o surto do coronavírus.
Mais 4 casos no Reino Unido e 65 em navio de cruzeiro
Quatro pessoas foram, nesta segunda-feira, diagnosticadas com coronavírus no Reino Unido, elevando para oito o número de casos no país.
Os infetados foram transferidos para os centros especializados dos hospitais de Guy e St Thomas, em Londres.
No Japão, a bordo do navio “Diamond Princess”, os testes realizados confirmam a existência de mais 65 pessoas infetadas com coronavírus. O total de casos sobe, assim, para 135 e revela um rápido aumento no surto dentro do navio atracado no porto de Yokohama.
“Estas são as notícias que ninguém gostaria de receber”, anunciou o capitão aos passageiros, lembrando que o período de quarentena (14 dias) ainda não passou.
O “Diamond Princess” foi colocado em quarentena em 3 de fevereiro, ao chegar a Yokohama, sul de Tóquio, depois de um passageiro que desembarcou em Hong Kong ter sido diagnosticado com o vírus.
Cerca de 3.700 pessoas estão a bordo do navio, que geralmente tem uma tripulação de 1.100 e uma capacidade de 2.670 passageiros. Os passageiros têm permissão para entrar no convés em turnos para obter ar fresco e são incentivados a medir regularmente a temperatura.
Mas o ambiente começa a tornar-se difícil de suportar, com vários passageiros a alertar nas redes sociais para a depressão que começa a instalar-se, devido ao confinamento a que estão sujeitos.
Entre os novos infetados estão 45 japoneses e 11 cidadãos norte-americanos, adianta o operador do navio de cruzeiro em comunicado.
O “Diamond Princess” é um navio com bandeira britânica gerido pela Princess Cruise Lines, uma das maiores operadoras de cruzeiros do mundo.
Também nesta segunda-feira, Taiwan (com mais 18 casos) alargou as restrições a visitantes provenientes de Macau e Hong Kong. As entradas a cidadãos chineses já foram interditas e os navios de cruzeiro estão também proibidos de atracar no país.
O número de mortos causado pelo novo coronavírus já ultrapassou o registado pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), do início dos anos 2000 – a SARS provocou a morte a 774 pessoas em todo o mundo (a maioria das quais na China) e o coronavírus já contabiliza 910 (a grande maioria também na China, onde começou o surto).
O balanço mais atualizado inclui ainda 4.235 pessoas infetadas na China e 300 no resto do mundo.
O Centro de Resposta Coordenada a Emergências da União Europeia, sediado em Bruxelas, monitoriza e acompanha a evolução dos casos em todo o mundo.
China promete medidas a todos os níveis
O Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou nesta segunda-feira que o Governo tomará todas as medidas necessárias para responder aos efeitos que o surto de coronavírus já está a ter na economia do país.
Na televisão estatal chinesa, Xi afirmou que a China se esforçará para cumprir as metas económicas e sociais para este ano e reiterou que o país vencerá a batalha contra o surto.
Os chineses já começaram a voltar ao trabalho, depois de muitas semanas isolados e de quarentena. Nos hospitais e unidades de saúde, o aprovisionamento de medicamentos foi acelerado, de modo a acelerar a resposta às novas infeções.