A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre dá conta de um agravar das hostilidades conta a Igreja Católica na Nicarágua, indicando que nos últimos dias as autoridades confiscaram um mosteiro das irmãs trapistas e expulsaram do país mais um padre e duas religiosas.
De acordo com a AIS, depois de confiscado, o mosteiro das irmãs trapistas, situado em San Pedro de Lóvago, em Chontales, foi entregue ao Instituto Nicaraguense de Tecnologia Agrícola (INTA). As religiosas já tinham abandonado o mosteiro e encontram-se atualmente no Panamá.
Duas outras religiosas que se dedicavam ao cuidado dos mais idosos foram também expulsas do país. Ambas as irmãs, costarriquenhas, pertencem à Congregação Dominicana da Anunciação, e estavam a trabalhar num abrigo para idosos, o lar López Carazo, que tem atualmente cerca de 40 utentes. As duas religiosas estão agora na Costa Rica.
O regime de Ortega expulsou também do país um padre do Panamá, o claretiano Dinanciano Alarcón, por este ter denunciado, numa homilia, a situação em que se encontra o bispo de Matagalpa, D. Rolando Álvarez, condenado a 26 anos e quatro meses de prisão, e também por ter realizado uma procissão não autorizada.
Em declarações à rádio Hogar, citadas pela AIS, o sacerdote da Arquidiocese do Panamá, explicou como foi colocado na fronteira. “Eles colocaram-me numa viatura com dois polícias e levaram-me até à fronteira [com as Honduras] e disseram-me: ‘você está fora do país e não pode voltar mais’.”
O superior dos cleretianos para a América Central, padre Islamel Montero, afirmou, entretanto, que o sacerdote “estava a ser seguido”, desde há vários dias pelas autoridades.
Face à instabilidade vivida no país e ao constante atropelo aos direitos humanos, a ONU decidiu estender por mais dois anos o mandato dos peritos internacionais no país.
Em março, o grupo de peritos apresentou um relatório em que se denunciava “violações de direitos humanos que configuram crimes contra a humanidade”, e que estão a ser cometidos “contra civis na Nicarágua”.
Segundo o relatório, citado pela AIS, as alegações de abusos, que incluem “execuções extrajudiciais, prisões arbitrárias, tortura, privação arbitrária da nacionalidade e do direito de permanecer em seu próprio país”, não são casos isolados, mas sim “o produto deliberado do desmantelamento de instituições democráticas e da destruição do espaço cívico-democrático”.
Segundo um dos relatores independentes, Jan Simon, tais violações estão a ser cometidas “de forma sistemática e configuram crimes contra a humanidade de assassinato, encarceramento, tortura, violência sexual, deportação e perseguição política”.