O Ministério Público constituiu esta quarta-feira arguido um sargento do Exército, envolvido no processo sobre a morte dos recrutas dos comandos Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva, disse à Lusa fonte judicial.
Segundo a mesma fonte, o sargento, suspeito de ter batido e atirado os recrutas às silvas durante o curso dos Comandos, foi interrogado no Departamento de Investigação e Acção penal (DIAP) de Lisboa e remeteu-se ao silêncio.
O processo tem agora 18 arguidos, faltando ainda ouvir o tenente-coronel Mário Maia, director do curso e destacado em missão em Angola, que informou o MP estar apenas disponível para vir a Portugal em Junho.
O Ministério Público tenciona ainda inquirir os assistentes, designadamente os pais de Hugo Abreu, que vivem em França e que só terão possibilidade de se deslocarem a Portugal em maio.
O inquérito investiga a morte de dois militares e de vários outros que receberam assistência hospitalar, na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, no dia 4 de Setembro.
Segundo o MP, num despacho de Novembro, a natureza dos crimes e a actuação dos suspeitos revelam "personalidades deformadas, (...) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana".
Os envolvidos, adianta o despacho, tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.
No entender do MP, "a actuação reiterada dos suspeitos" revela um "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis".