O Papa anunciou a nomeação de duas mulheres para a comissão que nomeia bispos que acompanha o processo de escolha de bispos de todo o mundo, admitindo designar leigas para cargos de liderança, após a reforma da Cúria Romana.
“Estou aberto a que surja essa oportunidade. O Governatorato [do Estado do Vaticano] tem uma vice-governador… agora, na Congregação dos Bispos, na comissão para eleger os bispos, vai haver pela primeira vez duas mulheres. Abre-se um pouco, assim”, referiu Francisco, em entrevista à Agência Reuters.
A passagem da conversa, divulgada hoje, aborda a valorização da mulher na Cúria Romana, a respeito das disposições da constituição apostólica “Praedicate Evangelium” que reforma a Cúria Romana.
O documento, publicado a 19 de março, determina que “qualquer fiel pode presidir a um Dicastério ou a um Organismo, no respeito da peculiar competência, poder de governo e função dos mesmos”.
Na entrevista, o Papa admite a designação de leigas para liderar Dicastérios como o de Leigos, Família e Vida, da Cultura e Educação ou a Biblioteca Apostólica do Vaticano, “que é quase um dicastério”.
Nos últimos anos, Francisco nomeou, pela primeira vez, uma mulher como “número 2” do Governatorato da Cidade do Vaticano, a irmã Raffaella Petrini; já a irmã Nathalie Becquart foi designada subsecretária do Sínodo dos Bispos, sendo a primeira mulher com direito a voto nas assembleias sinodais.
Barbara Jatta, atual diretora dos Museus do Vaticano e a brasileira Cristiane Murray, vice-diretora da Sala de Imprensa Santa Sé, também foram nomeadas pelo atual Papa.
Em 2017, Francisco nomeou duas subsecretárias para o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino e Linda Ghisoni; a religiosa espanhola Carmen Ros Nortes trabalha como subsecretária na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, sendo a terceira mulher a exercer essa função.