A primeira semana de campanha eleitoral “começou séria, com os temas importantes para a vida das pessoas”, após os debates entre candidatos, e terminou com “afetos” dos candidatos - nomeadamente em relação aos seus animais. Quem faz o resumo é Gustavo Cardoso, investigador do Media Lab do ISCTE.
O gato Zé Albino de Rui Rio, o gato Camões de Rui Tavares e a cadela Bala de Cotrim Figueiredo dominaram as partilhas no Twitter - André Ventura respondeu depois com a coelha Acácia, que chegou ao top de publicações no Facebook e Instagram, entre os partidos políticos.
Mas não foram só estes os animais a marcar a agenda da semana nas redes - houve ainda o “elefante na sala” do candidato do ADN, os “peixinhos magrinhos” de Tino de Rans e os “tubarões” e “golfinhos” introduzidos pelo PTP.
Durante a semana houve até galinhas - neste caso, quase a ir para o tacho, pela mão de Maria Vieira, do Chega.
A partilha de animais é, segundo o investigador, “um truque utilizado por toda a gente, desde o mais anónimo ao político mais famoso para obter likes e partilhas”.
Isso sigifica que as partilhas dos animais dão mais votos? “Não, muito provavelmente quer dizer que aqueles que gostam um determinado líder reforçam o gosto e o apoio quando descobrem que ele tem um animal”, diz o professor
Fora dos animais, houve duas personalidades a tornar-se quase virais na discussão das redes sociais - Ricardo Araújo Pereira, que decidiu não convidar André Ventura para o seu programa humorístico, na SIC, e Carlos Daniel, que moderou os debates conjuntos na televisão.
Para o investigador, houve ainda mais um epi-fenómeno, a candidata do MAR, Renata Cambra, que completa o “trio dos outsiders da semana”, que ganharam visibilidade nas redes sociais.
Quanto a estatísticas, Gustavo Cardoso lembra que as várias redes sociais têm públicos muito diferentes e devem ser analisadas nesse contexto.
“O Facebook que é aquele que é mais representativo da população portuguesa, ou seja, é mais parecido com aquilo que nós somos enquanto país. O Instagram tem uma população muito jovem e portanto tem dinâmicas que por vezes são dinâmicas de apoio mas que são feitas por pessoas que não têm poder de voto”, explica.
Já o Twitter “é um microcosmos”, “um espaço onde estão jornalistas, políticos, comentadores mas também todos aqueles que em Portugal desejariam ser comentadores políticos e jornalistas”, diz o investigador.
No Facebook, a semana começou com uma predominância de três partidos, a Iniciativa Liberal, o PSD e o PS, com as lideranças de António Costa e André Ventura também mais presentes.
Mais para o final da semana, “tivemos PSD, Chega , Iniciativa liberal e PS a destacar-se” - uma maior diversidade, “mais partidos nomeadamente por via da chegada do Chega”.
O Instagram é essencialmente o espaço da Iniciativa Liberal - ou começou como tal. Politicamente, terminou a semana com a presença mais assídua de André Ventura.