O presidente da Câmara Municipal de Lisboa garantiu esta sexta-feira que as pessoas em situação de sem-abrigo que estão no Quartel de Santa Bárbara “só sairão” do local, propriedade do Estado, quando for encontrada “uma solução” alternativa.
“O presidente da Câmara de Lisboa não vai retirar as pessoas do quartel de Santa Bárbara sem solução”, assegurou Carlos Moedas, em declarações à Lusa, à margem do encontro “Comunidades em Ação – operações integradas metropolitanas”, que hoje decorre no Fórum Lisboa.
O centro de alojamento de emergência para pessoas em situação de sem-abrigo, que funciona no Quartel de Santa Bárbara, deveria ser encerrado até sábado, 30 de setembro.
“Só saio quando tiver solução”, reiterou Carlos Moedas, acrescentando que “quem pede para sair também tem de arranjar solução” e que espera que “o Governo cumpra a sua parte”.
O centro de acolhimento para pessoas sem-abrigo que funciona no Quartel de Santa Bárbara vai ser relocalizado porque o executivo decidiu utilizar o espaço para construir habitação acessível.
A Câmara Municipal de Lisboa aprovou na quarta-feira uma moção do PSD/CDS-PP para que o Governo ceda a ala norte da Manutenção Militar, no Beato, para transferir a resposta existente para pessoas em situação de sem-abrigo.
A moção foi viabilizada com a abstenção de todos os vereadores da oposição, nomeadamente PS, PCP, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Livre e BE, e os votos a favor da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), que governa sem maioria absoluta.
“Tenho estado a trabalhar nas soluções mais do que todos”, frisou hoje Carlos Moedas, recordando a promessa do Governo ao executivo anterior (liderado pelo socialista Fernando Medina) de transferir os terrenos da ala norte da Manutenção Militar para o município de Lisboa.
“Neste momento, aquilo que recebo de notícias do Governo é que o Governo mudou de ideias”, apontou Carlos Moedas, sublinhando que tem trabalhado “muito bem” com a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, mas que “não depende tudo dela”, desde logo porque os terrenos a serem transferidos pertencem ao Ministério da Defesa.
Assim, Marina Gonçalves tem sido “a mensageira” da “ideia do Governo” e essa “ideia parece ter mudado” no que respeita a transferir esses terrenos para a câmara municipal, assinalou o autarca.
“É o Governo que me está a dizer que eu me tenho de ir embora. Eu, por mim, ficava ali exatamente naquela área. Eu não estava a querer mudar nada. O Governo é que diz que eu tenho de sair, porque tem para ali um projeto”, recorda.
Por outro lado, Carlos Moedas recordou que já apresentou “outras soluções” para a relocalização da resposta às pessoas sem-abrigo e que “os vereadores da oposição” na autarquia “não gostaram”.
A oposição tem feito outras sugestões de terrenos, por exemplo o Hospital Miguel Bombarda, no caso do PCP.