Com a divulgação do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica sucedem-se as reações partidárias ao documento.
INICIATIVA LIBERAL
O partido foi o primeiro a reagir. O presidente do partido, Rui Rocha, escreveu no Twitter que "os abusos hoje revelados constituem um gravíssimo atentado à liberdade e à integridade física e psicológica”.
Rui Rocha reconheceu que “os danos são irreparáveis”, mas sublinhou a necessidade de “garantir a compensação possível e assegurar que estas situações são prevenidas, identificadas e condenadas sempre que não for possível impedi-las”.
"Não há espaço para o abuso e para a violência numa sociedade justa e democrática. É sempre intolerável, mas é particularmente infame quando se exerce a partir de uma posição de poder sobre vítimas indefesas", criticou.
CHEGA
Já o presidente pede celeridade ao Ministério Público na investigação dos casos que ainda não prescreveram.
André Ventura manifestou-se ainda favorável a uma mudança na legislação no sentido de iniciar a contagem de prescrição dos crimes apenas a partir dos 30 anos das vítimas e não a partir dos 23.
"Há muita gente que é abusada que só tem condições de falar muito tempo depois", disse o líder do partido.
A Comissão Independente validou um total 512 testemunhos de abuso sexual na Igreja Católica nas últimas décadas. O número foi avançado por Pedro Strecht, coordenador desta comissão, na apresentação do relatório final, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
O pedopsiquiatra revelou que "foram recebidos um total de 564 [testemunhos]. Estes testemunhos, como depois iremos explicar com toda a cautela, permitem chegar a uma rede de vítimas muito mais extensa, calculada num número mínimo de 4.815 vítimas", adiantou.
PAN
Partido anunciou que vai propor a criação de um grupo de trabalho sobre os abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal, defendendo que o trabalho da Comissão Independente tem de ter sequência.
Numa série de publicações na rede social Twitter, a porta-voz do PAN e deputada única Inês Sousa Real agradeceu à Comissão Independente o trabalho desenvolvido e apelou a que “a Igreja, a sociedade e o Estado não deixem cair este tema no esquecimento” e que “não haja tolerância com os abusadores”.
“A Igreja não pode continuar a ocultar este tipo de crimes e a proteger abusadores. É fundamental que tornem consequentes as recomendações feitas”, defendeu a deputada.
Inês Sousa Real sublinhou que o partido já apresentou no Parlamento uma iniciativa que visa alterar os prazos de prescrição dos crimes de abuso sexual, “uma matéria que na legislatura passada foi rejeitada pela maioria PS/PSD”.
“Vamos ainda propor a criação de um Grupo de Trabalho na Assembleia da República neste âmbito”, escreveu ainda a deputada do PAN.
PCP
"Os elementos divulgados pela Comissão, pela sua dimensão – que é parte de uma realidade ainda mais ampla –, são de uma assinalável gravidade”, disse o grupo parlamentar PCP, em reação ao relatório sobre abusos de menores por membros da Igreja, divulgado esta segunda-feira.
Segundo os comunistas, a Igreja Católica deve “refletir e intervir para além das consequências e apuramentos judiciais, numa lógica de prevenção aprofundada e de responsabilidade social, tal como ao conjunto da sociedade."