Governo diz que não tem poder para "sabotar" pernil na Venezuela
28-12-2017 - 11:50

Augusto Santos Silva reconhece existirem empresas com contratos para a Venezuela, mas recusa que haja “qualquer questão política ou diplomática”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português rejeita a acusação de sabotagem à venda de carne de porco à Venezuela, frisando que Portugal é uma economia de mercado em que o governo não interfere nas relações entre empresas.

"O Governo português não exporta pernil de porco, nem para a Venezuela, nem para nenhum país do mundo", disse Augusto Santos Silva à imprensa à margem do 6.º Fórum de Graduados Portugueses no Estrangeiro, em Lisboa.

"Portugal é uma economia de mercado, o Governo não participa nas exportações que as empresas portuguesas contratam com empresas estrangeiras e, portanto, não há lugar a nenhuma espécie de interferência política, muito menos a qualquer intento de sabotagem ", insistiu.

O ministro disse estar ainda a recolher informações sobre o caso, admitindo ter havido "um problema comercial", mas disse dispor já de dados que apontam para que a carne tenha sido de facto exportada tendo falhado possivelmente a sua distribuição na Venezuela.

"No momento, a informação de que disponho é que de facto há contratos de fornecimento de carne de porco portuguesa para a Venezuela. Da parte de empresas portuguesas, esses fornecimentos foram feitos, estão contratualizados, e portanto a questão de saber se a carne de porco foi distribuída ou não na Venezuela diz respeito às autoridades venezuelanas", afirmou.

Santos Silva afastou a possibilidade de chamar o embaixador venezuelano em Lisboa para esclarecimentos. "Tenho informação bastante para dizer que não há aqui qualquer questão política, qualquer questão político diplomática, muito menos qualquer boicote ou sabotagem da parte das autoridades portuguesas", assegurou.

O Presidente Nicolás Maduro acusou Portugal de sabotar a importação para a Venezuela de pernil de porco, refeição tradicional do Natal venezuelano.