A morte de um voluntário em França, nos ensaios clínicos de um novo medicamento da farmacêutica portuguesa Bial, está “claramente relacionada com a molécula testada”, revelam as autoridades francesas.
A conclusão surge no relatório final do Comité Científico Especializado Temporário (CSST) criado pela Agência Nacional da Segurança do Medicamento, divulgado esta terça-feira pelo jornal "Le Monde".
A investigação aponta o dedo ao laboratório francês contratado para realizar os ensaios, a Biotrial.
Mas também critica a farmacêutica portuguesa Bial, por ter fornecido informação com "grande número de erros, imprecisões, inversões de números, ou tradução errónea dos documentos, tornando a compreensão difícil em vário pontos".
Em resposta enviada à Renascença, a Bial diz que "está a analisar o relatório do Comité Científico" da Agência Nacional da Segurança do Medicamento francesa.
Fonte oficial da farmacêutica portuguesa "salienta que relatório não é conclusivo sobre a causa da morte do voluntário", não confirmando que a molécula BIA 10-2474 esteja relacionada com a morte do voluntário.
O caso remonta ao início deste ano, quando seis voluntários do ensaio clínico com um medicamento experimental neurológico foram internados num hospital da cidade francesa de Rennes.
Um voluntário acabou por morrer a 17 de Janeiro e os restantes receberam alta dias mais tarde.
Segundo noticiou na altura a agência francesa AFP, os seis internados receberam a dose mais elevada da molécula produzida pela Bial, testada em França pelo laboratório Biotrial.
De acordo com um comunicado da Bial, o teste abrangeu 116 voluntários saudáveis, "dos quais 84 tomaram o composto experimental previamente, não tendo apresentado qualquer efeito secundário grave ou moderado".