O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Dmitry Peskov, acusa a Ucrânia de ter provocado o incidente na Crimeia, no domingo.
Peskov disse, esta segunda-feira, que os navios ucranianos estavam a tentar fazer com que os russos reagissem para novas sanções serem impostas a Moscovo.
No domingo, a Rússia apreendeu três navios ucranianos, dois deles de artilharia, e justificou a ação ao apontar que os navios entraram ilegalmente em águas russas. É o maior incidente entre os dois países desde 2014, altura em que a Rússia anexou ilegalmente a República da Crimeia, um território ucraniano mas de maioria russa.
A Rússia fechou ainda o Estreito de Kerch, que separa o mar de Azov (onde estavam os navios) e o mar Negro.
Dmitry Peskov disse que os barcos ucranianos rejeitaram as tentativas das autoridades russas em contactar os tripulantes e tudo foi feito para provocar o conflito. Mas da parte dos russos, a apreensão foi feita de acordo com as leis internacionais e domésticas.
A versão vai contra o que disse esta segunda-feira o governo ucraniano, que se defendeu, dizendo que os barcos ucranianos não fizeram nada de errado.
Do lado da Ucrânia, o ministério dos Negócios Estrangeiros pede apoio internacional e teme que a agressão por parte dos russos suba de tom. Pavlo Klimkin, o ministro, disse que o mundo "não se pode ficar por comunicados" e disse que a Rússia fará o mesmo que fez à Geórgia.
Klimkin disse aos jornalistas esta segunda-feira que a Ucrânia deve salvaguardar o seu direito à auto-defesa e garante que Kiev responderá de forma dura a "qualquer tentativa de minar a nossa soberania e segurança".
Nem a Rússia nem a Ucrânia neste momento descartam uma escalada ainda maior. Kiev alerta para "mais atos de agressão, pela terra e pelo mar".
A reunião entre o Presidente Donald Trump e o Presidente Vladimir Putin está marcada para o final do mês e, segundo apontou Peskov, ainda está em cima da mesa, apesar do incidente internacional.
Em resposta ao incidente, Petro Poroshenko anunciou que iria pedir a imposição da lei marcial ao parlamento ucraniano e convocou o gabinete de guerra para discutir futuras reações.