O bispo de Vila Real afirmou, esta quarta-feira, que o Ano Jubilar, concedido à diocese pelo Papa Francisco, é, em primeiro lugar, “uma grande graça. Uma graça de Deus e uma deferência do Papa Francisco”.
“Ao longo destes anos Deus abençoou os homens e mulheres desta bela terra, caminhou connosco e ajudou a consolidar a vida da Igreja que somos”, disse D. António Augusto Azevedo.
Na homilia da Missa, celebrada na Sé de Vila Real, o bispo diocesano destacou que, “embora as raízes do cristianismo nestas terras transmontanas e durienses sejam milenares”, o período dos últimos 100 anos “foi particularmente rico de vida espiritual, de realizações pastorais e sociais, de crescimento das comunidades e instituições que fazem parte da diocese”.
“O rito inicial desta celebração com a entrada solene pela porta principal da catedral, gesto que todos são convidados a repetir ao longo deste ano, é simbólico e evocativo do caminho histórico deste povo, acolhido por Deus na casa-mãe da diocese, onde se reúne para celebrar a sua fé”, explicou.
Segundo o bispo de Vila Real, o olhar retrospetivo que evidencia glórias e algumas sombras é “indispensável para ajudar cada um de nós a tomar uma consciência mais viva e forte do seu papel na vida presente desta Igreja Local”.
“O ano jubilar deverá servir para confirmar e reforçar a convicção de que a missão de cada um, clérigo ou leigo, é essencial no caminho desta comunidade diocesana. Todos e cada um são pedras vivas, indispensáveis à construção da Igreja do futuro”
Caminhar juntos não é tarefa fácil, mas é necessário
D. António Augusto Azevedo assinalou ainda a feliz coincidência de este Ano Jubilar em larga escala com a fase de preparação do próximo Sínodo.
“Trata-se de uma excelente oportunidade para tomarmos consciência de que celebrar um centenário, além de evocação dos feitos realizados, constitui um forte apelo a todos para um renovado empenho na construção do futuro”, afirmou o bispo de Vila Real, alertando que, para isso, “teremos de «caminhar juntos», como nos desafia o Papa Francisco, ou seja, de crescer e avançar em espírito sinodal”.
E, segundo o bispo de Vila Real, “mais do que caminhar depressa, como alguns utópica e precipitadamente exigem, ou andar para trás, como uns poucos suspiram, importa, sobretudo, que caminhemos juntos, todos juntos”.
O prelado reconheceu que “não é tarefa fácil, devido a falta de hábito, a interesses, resistências ou tentações de protagonismo, ou até à falta de um sentido amplo de Igreja e de consciência de diocese”.
“Não é fácil, mas é possível e necessário”, sublinhou D. António Augusto, apontando que, para isso, “precisamos de permanecer unidos em Jesus Cristo, aprofundando o sentido de fraternidade no clero, nas paróquias e instituições eclesiais”.
“Precisamos de reavivar o sonho e trabalhar com alegria para uma Igreja Diocesana com um rosto novo, atraente, acolhedor e próximo”
“Renovado ardor” e “compromisso mais forte”
D. António Augusto Azevedo partilhou ainda com a assembleia presente, na Sé de Vila Real, o desejo de que a celebração do Ano Jubilar, que assinala o centenário da criação da diocese, “desperte em todos (…) um renovado ardor e paixão na missão de servir esta Igreja e este povo; estimule um compromisso mais forte em reforçar os laços de comunhão fraterna entre todos, para que continuemos a caminhar juntos na história, cumprindo os desafios do Espírito”.
“Em Ano Jubilar, em que invocamos a intercessão da nossa padroeira, aprendamos com o seu exemplo de mãe e de crente. A cada um de nós (…) é pedido, hoje, uma maior capacidade, atenção e disponibilidade interior para a escutar a Deus, atender àquilo que Ele nos pede ou chama a fazer na nossa situação concreta”, concluiu.
A Eucaristia iniciou-se com o rito de entrada solene pela porta principal da Catedral, aberta simbolicamente por D. António Augusto Azevedo, evocando “uma Igreja que abre as portas ao mundo”.
O centésimo aniversário da Diocese de Vila Real comemora-se a 20 de abril, mas o ano jubilar foi aberto esta quarta-feira, dia 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, a padroeira desta diocese, e prolonga-se até 8 de dezembro de 2022.
Ao longo de um ano estão previstas diversas iniciativas como peregrinações à Sé, exposições, colóquios, tertúlias e concertos.
A Diocese de Vila Real foi criada pelo Papa Pio XI pela Bula ‘Apostolicae Praedecessorum Nostrorum’, de 20 de abril de 1922, com paróquias da Arquidiocese de Braga (166) e das Dioceses de Lamego (71) e de Bragança (19), ficando com os limites do distrito de Vila Real.
Há 100 anos a diocese tinha 400 padres e 259 paróquias e hoje tem 264 paróquias e 102 padres.