Portugal, que já preparou uma estratégia de longo prazo para a transição climática e energética, tem potencial para antecipar a data da neutralidade carbónica, mas há vários Estados-membros atrasados nessas estratégias, defende a associação ambientalista Zero.
Um relatório publicado pela Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), no âmbito
do projeto UNIFY, de acompanhamento da execução dos Planos Nacionais de
Energia e Clima dos vários países da União Europeia, faz
um ponto de situação das estratégias de longo prazo para a transição climática de oito países: Croácia,
República Checa, Estónia, Hungria, Portugal, Polónia, Eslovénia e
Espanha.
O relatório sublinha que o desenvolvimento e implementação das estratégias de longo prazo têm níveis muito díspares entre os países envolvidos no estudo, a nível de ambição, liderança política e participação pública.
De acordo com o documento, a República Checa não atualizou a sua estratégia de longo prazo e a Croácia, Hungria, Eslovénia e Espanha atrasaram-se na submissão das suas estratégias. A Polónia ainda não a entregou.
"Relativamente à ambição, as estratégias de longo prazo de Portugal, Espanha, Hungria e Eslovénia estabelecem a nível nacional o mesmo objetivo da União Europeia de neutralidade climática até 2050", nota-se na análise, segundo a qual a Polónia não preparou a estratégia de longo prazo mas sim um documento que está a proteger as companhias energéticas do Estado e as grandes companhias elétricas.
Portugal, com uma estratégia de longo prazo que corresponde ao Roteiro para a Neutralidade Carbónica em 2050, podia, diz a Zero, antecipar a data da neutralidade carbónica, "tornando-a mais próxima de 2040".
Aliás, acrescenta a organização ambientalista, o Roteiro para a Neutralidade Carbónica devia ser atualizado, já que o final do uso do carvão foi antecipado para este ano e a capacidade instalada de energias renováveis "está a evoluir mais rapidamente do que o previsto".
No relatório agora divulgado apela-se à Comissão Europeia para exigir rapidamente todas as estratégias de longo prazo em falta e fazer uma avaliação da falta de ambição coletiva.
"Estes planos nacionais poderiam desempenhar um papel importante na implementação dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu e deveriam preparar o caminho para a contribuição justa da Europa de limitar o aumento de temperatura a 1,5°C", diz, citado na análise, o diretor da CAN-Europe, Wendel Trio.