Neste longo interregno do campeonato da primeira Liga intromete-se agora a Taça de Portugal. Depois de uma jornada internacional que não trouxe quaisquer proventos à nossa seleção, aí temos, a entrar-nos pela porta dentro, uma jornada daquela que é, sem dúvida, a competição mais democrática do nosso calendário futebolístico.
E chega-nos numa altura sensaborona em que nem sequer se pode fazer a festa habitual. A pandemia continua a manter o futebol fora de portas e, por isso, os desafios a que vamos assistir neste fim-de-semana ficam desde já condenados a cair no esquecimento.
A não ser que!...
O Benfica desloca-se a Paredes, o Futebol Clube do Porto vem ao Barreiro, o Sporting deveria deslocar-se a Sacavém, não fora a circunstância de defrontar este seu vizinho da Grande Lisboa no vetusto estádio nacional.
Noutros tempos, não muito distantes, haveria motivo para festança. Assim, a festa do povo não vai ter povo, e isso faz cair pela base o encanto da Taça de Portugal.
Dos três jogos de que aqui fizemos destaque, a deslocação do Futebol Clube do Porto ao antigo estádio Alfredo da Silva, no Barreiro, é aquela que ocupa a primeira página.
Os mais antigos não esquecem os célebres tempos em que os grandes se deslocavam ao estádio da CUF, para ali sentirem sempre e inevitavelmente enormes dificuldades perante equipas constituídas por grandes jogadores, e comandadas por renomados treinadores, entre os quais se destaca o saudoso Joaquim Meirim.
Em tempo de Taça de Portugal vieram sempre à baila as lutas entre os David’s e os Golia’s e as “degolas dos inocentes”.
É verdade que tudo isto poderá repetir-se. No entanto, sem o folclore que o futebol é capaz de propiciar em momentos de atrevimento.