A poucos dias de começar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não posso falar do que nela vai acontecer, no cumprimento do que está programado. Será certamente muito bom, será o que Deus quiser.
Posso porém adiantar alguma coisa sobre o que foi antes, o que será depois, na organização que envolveu e no que previsivelmente acontecerá.
Desde 2019, trabalhou-se muito, quer na ativação do organigrama, do Comité Local aos Diocesanos, Vicariais e Paroquiais, quer nos contactos a todos os níveis, desde os órgãos autárquicos e governamentais a muitas entidades sociais e privadas. Ficou sempre claro e aceite que uma realização deste género só seria possível se fosse tomada como desígnio eclesial e nacional. E assim foi, de facto.
É incontável tudo quanto se fez, em ligação com o dicastério romano e com os episcopados de muitos países, com grande adesão de todos. É sobretudo assinalável a modo como o Papa Francisco acompanhou quanto se fez, em contacto frequente e entusiasmante com D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023. Esta é muito particularmente uma JMJ papal, também pelas mensagens vídeo que foi enviando para todos, em geral, e para os jovens e os organizadores em particular.
A JMJ foi ocasião para se manifestar e concretizar a grande disponibilidade latente de jovens e menos jovens para colaborarem num grande desígnio de marca essencialmente cristã – e por isso mesmo aberta a todos, como testemunho e capacidade de acolher e dialogar.
Contando com os que trabalharam nos vários níveis, das pequenas paróquias rurais às maiores de meio urbano, diocese a diocese, sem esquecer o que aconteceu nos grupos ligados a movimentos e institutos, somam-se milhares de colaboradores ativos. A estes se juntam os muitos voluntários nacionais e internacionais, que chegaram e vão chegando.
Que realidade se manifesta deste modo? Certamente algo com que se pode contar, mesmo que não se desse por isso, nem seja muito mediatizado. Aí está, de facto, constituindo o essencial da JMJ como acontecimento eclesial.
Como acontecimento eclesial, repito, no que somos todos em torno de Cristo e do seu Evangelho, para nós e para o mundo. Com mais ou menos consciência disto mesmo, mas com uma vivência e convivência que só o Espirito garante, integrando quem colabora numa família, rapidamente encontrada e tendo em vista um ideal comum e o serviço que requer.
Quem visita a sede do COL, ou quem se abeira dos jovens e adultos que trabalham afincadamente nas mais diversas tarefas da JMJ, fica impressionado com o entusiasmo e o empenho que manifestam, mesmo quando o dia-a-dia é repleto e a urgência aperta. Pensará até como seria bom que assim se verificasse na sociedade em geral. E algo resultará decerto.
E assim já refiro o futuro da JMJ. Para quem participar, ficará a memória viva de algo extraordinário e revelador. Revelador do que a Igreja e o mundo podem ser, no caminho da solidariedade e da paz. E mobilizador também, porque é uma memória que cria futuro, como quem não desiste de se reencontrar na amizade e no serviço, vá aonde vá e esteja e onde estiver.
Aliás, o que o Cristianismo faz há dois milénios é reviver o que começou com aquele grupo, jovem também, que com Jesus Cristo participou na inauguração dum Reino que, tendo Deus como Pai, nos tem a todos como irmãos. Participamos na “pressa” da Mãe de Jesus, para chegar realmente a todos.
Estou certo de que a JMJ e o seu espírito se projetarão nas comunidades, fazendo-as sempre mais “cristãs”; e na sociedade, fazendo-a mais fraterna. Uma experiência tão forte não se dilui com o tempo, antes o tornará diferente.