As autoridades de Israel anunciaram esta quarta-feira que recusaram o pedido de visto feito por um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) para "dar uma lição" ao organismo, depois de o seu secretário-geral, António Guterres, ter lembrado que o ataque do Hamas ao Estado hebraico "não aconteceu do nada".
O pedido de visto pelo chefe de Assuntos Humanitários da ONU foi rejeitado por causa dos comentários de Guterres, disse o embaixador israelita na ONU.
"Devido às declarações [do secretário-geral da ONU], vamos rejeitar pedidos de visto de representantes da ONU. Já recusámos visto ao sub-secretário-geral de Assuntos Humanitários Martin Griffiths", indicou Gilad Erdan. "Chegou a altura de lhes darmos uma lição."
A notícia surge depois de Israel ter exigido a demissão de Guterres, após este ter declarado, no arranque de uma reunião do Conselho de Segurança, que os "terríveis ataques" do Hamas a 7 de outubro não podem justificar "o castigo coletivo do povo palestiniano", invocando "claras violações do direito humanitário internacional a que estamos a assistir em Gaza".
"Nada pode justificar que se mate, fira e rapte civis deliberadamente, ou que se lance rockets contra alvos civis. Todos os reféns devem ser tratados humanamente e libertados de imediato e sem condições", acrescentou Guterres nesse discurso, em referência aos mais de 200 israelitas e estrangeiros que o Hamas mantém reféns na Faixa de Gaza há 19 dias.
Na sequência do ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 7 de outubro, o Estado hebraico declarou guerra ao grupo islamita e tem mantido a Faixa de Gaza cercada e sujeita a bombardeamentos constantes.
Até agora, de acordo com o último balanço das autoridades locais em Gaza, já morreram mais de 5.971 pessoas e há mais de 16 mil feridos.
Do lado israelita, 1.400 pessoas morreram no ataque do Hamas, que levou para Gaza pelo menos 222 reféns, tendo libertado quatro na última semana.