Cardeal Parolin: “Há uma crise de verdade que impede um diálogo aberto e honesto”
18-05-2021 - 18:00
 • Aura Miguel

“Diálogo e diplomacia” é o desafio lançado pelo Secretário de Estado do Vaticano, na sessão de abertura do “I Mafra dialogues”, uma iniciativa organizada pelo IPDAL - Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas, sobre diplomacia da paz e prevenção de conflitos.

“Diálogo e diplomacia” é o desafio lançado pelo Secretário de Estado do Vaticano, na sessão de abertura do “I Mafra dialogues”, uma iniciativa organizada pelo IPDAL - Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas, sobre diplomacia da paz e prevenção de conflitos.

Numa mensagem-vídeo enviada para este encontro internacional de dois dias que se realiza em Mafra, o Cardeal Pietro Parolin identificou no mundo “uma grave incapacidade de se comprometer num diálogo aberto e honesto com outras pessoas, com outras nações, até mesmo entre si”. E a razão está na “crise da verdade e, correlativamente, uma crise de credibilidade”, quase Parolin compara a “uma ferida infectada, que espalha doenças ao corromper instituições, azeda relações e facilita o isolamento egoísta.”

Aos diplomatas e responsáveis políticos e de instituições internacionais que participam no encontro, o Secretário de Estado do Vaticano apelou para que o bem comum da família humana prevaleça sobre os interesses particulares e pessoais, ainda que, paradoxalmente, o aumento da globalização não o favoreça. É que “a globalização criou mais desigualdade e maiores diferenças entre os que têm e os que não têm”, explicou Parolin.

“Portanto, requer uma ética que coloque a pessoa humana e a dignidade no centro de sua atividade e objetivo. Isto é bem diferente da abordagem unilateral frequentemente adoptada por nações e sociedades que torna os “lucros e ganhos” a principal preocupação e deixa um rasto de numerosas vítimas postas de lado, incluindo as mais vulneráveis.”

O Secretário de Estado do Vaticano recordou os compromissos do Papa Francisco “na busca de uma renovação do diálogo, especialmente nos níveis intercultural, inter-religioso e inter-religioso” e sublinhou que, ”especialmente no meio da pandemia, é um novo e urgente apelo a todos os membros da família humana para que tirem as vendas que nos impedem de ver o outro como um igual a nós e bloqueiam o verdadeiro diálogo. Isto só leva a um maior ressentimento, amargura, desconfiança e discórdia.”

No final da sua intervenção, o cardeal Parolin espera que os intercâmbios deste encontro desencadeiem “passos concretos para a aplicação e implementação de um diálogo renovado, encorajado pelo Papa Francisco, que reconheça a dignidade de cada pessoa, coloque a pessoa e o bem comum como prioridade de todas as discussões e respeite os princípios, convicções e verdades que cada um de nós preza”.

O «I Mafra Dialogues» pode ser seguido "online" e nele participam também de forma virtual, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, o Assistente do Secretário-Geral da ONU para as Operações de Paz, Miroslav Jenca e o ex-Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão.