Veja também:
- Guerra na Ucrânia ao minuto
- Reportagens na fronteira com a Ucrânia
- Armas nucleares. Quantas existem e quantos países as têm?
- A um passo dos crimes de guerra. Bombas de fragmentação e termobáricas na Ucrânia
- Todas as notícias sobre a Guerra na Ucrânia
- Quem é Volodymyr Zelensky?
- Como ajudar a Ucrânia e os ucranianos?
A guerra poderá terminar com o mundo dividido em dois, alertou esta segunda-feira Durão Barroso, num debate promovido esta tarde pela Gulbenkian, sobre a invasão à Ucrânia.
O antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia alerta que devemos estar preparados para o pior. Nada voltará a ser como dantes, a Rússia esta a ficar isolada, sublinha.
“Uma Rússia cada vez mais dependente da China poderá significar um processo de desglobalização. Se as coisas continuarem neste sentido, podemos ter um mundo dividido em dois, a tal ideia do Ocidente de um lado e de um mundo sino-russo, com alguns aliados, do outro. Não é o cenário desejável, mas é um cenário bem possível e talvez não aquele que não é menos provável.”
A China está numa “posição desconfortável”, mas não vai alienar o Presidente russo, Vladimir Putin, afirma Durão Barroso. “Está numa posição que podemos chamar de neutralidade colaborante com a Rússia”, afirma.
Esta invasão fortaleceu ainda a ligação da União Europeia à NATO, mas também criou condições para uma defesa e segurança no espaço europeu, sublinha o antigo primeiro-ministro.
Dentro da União Europeia esta guerra está a quebrar tabus, desde logo na Alemanha, que abandonou o projeto do gasoduto Nord Stream 2 com a Rússia e decidiu enviar armamento para a Ucrânia, afirma Durão Barroso.
O antigo presidente da Comissão Europeia avisa ainda que Putin preparou-se para esta guerra. Moscovo acumulou reservas financeiras e acredita que os Estados Unidos estão mais fracos, ao contrário da Rússia.
“Putin acredita que depois da Síria a Rússia está mais forte e, depois do Afeganistão, o Ocidente e especialmente os Estados Unidos estão mais fracos. Desde 2014, Putin tem vindo a modernizar as suas forças armadas, tem vindo a acumular importantes reservas financeiras, nomeadamente devido ao aumento do preço das matérias-primas”, sustenta.
O Kremlin não esperava uma resposta tão forte da Europa, inédita, segundo Durão Barroso, em grande medida graças à resistência e ao trabalho do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, junto da opinião pública.
Para o antigo presidente da Comissão Europeia, Putin não quer apenas impedir a independência da Ucrânia, quer que seja vassala da Rússia e quer desenhar um novo mapa.
Durão Barroso defende que Putin nunca aceitou a independência da Ucrânia, mas as suas decisões têm de ser vistas à luz da sua personalidade, um “extremista ressabiado”.