A linha de ajuda na área da prevenção do suicídio SOS Voz Amiga, que recebeu 3.701 pedidos em 2016, vai lançar na sexta-feira um número verde de atendimento gratuito, revelou esta quinta-feira à agência Lusa o presidente do serviço.
Lançada no Dia Mundial da Saúde, a linha verde (800 209 899) pretende ajudar quem não tem disponibilidade financeira para ligar para o serviço, que funciona diariamente, entre as 16h00 e as 24h00, e que pode ser contactado através dos números 213544545, 912802669 e 963524660.
Este número verde “justifica-se porque, não raramente, acontece as pessoas mandarem-nos um ‘mail’ a pedir para lhe ligarmos porque não têm dinheiro para fazer essa ligação”, disse o presidente da SOS Voz Amiga.
Há também casos em que as pessoas estão a falar com os voluntários da linha e dizem que “têm de desligar porque o saldo está a acabar”, contou Francisco Paulino.
Fundada há 38 anos, a SOS Voz Amiga foi a primeira linha telefónica em Portugal de apoio em situações agudas de sofrimento causadas pela solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio.
Dados do serviço mostram um aumento no número de apelos que quase triplicou entre 2013 e 2016, passando de 1.271 para 3.701, respectivamente.
Em 2013, o serviço registou 1.1271 pedidos, número de subiu para 2.126 em 2014, para 3.433 em 2015, e para 3.701 em 2016, precisam os dados.
Francisco Paulino apontou como um dos motivos para este crescimento as “situações de angústia e de ansiedade provocados por problemas económicos”, decorrentes da crise, e “problemas familiares” resultantes dos mesmos problemas.
A escolha do Dia Mundial da Saúde, que tem este ano como tema a depressão, para lançamento da linha verde deve-se ao facto de muitas pessoas que ligam para o serviço com ideias suicidas estarem numa “fase depressiva”, explicou.
A linha gratuita funcionará todos os dias, numa primeira fase, entre as 21h00 e as 24h00 horas, e “só é possível graças à generosidade da Fundação,
“Já tivemos a linha verde noutros períodos, mas é uma linha que custa dinheiro ao serviço e, infelizmente, o nosso serviço vive, em termos financeiros, apenas de donativos de entidades particulares e de particulares”, disse Francisco Paulino.
Além das dificuldades financeiras, o serviço também tem falta de voluntários, que actualmente são 18.
“Nas campanhas de captação de voluntários, vamos conseguindo muitas pessoas, mas há medida que se vão apercebendo daquilo que nós exigimos, como funcionamos, e quando são confrontados com situações pesadas que apanham ao telefone, não ficam muito tempo connosco”, lamentou o responsável.
Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão, doença que mais contribui para as mortes por suicídio, que chegam a 800 mil por ano em todo o mundo.