É dia de festa no centro de acolhimento para refugiados instalado Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde. Danyl celebra o primeiro ano de vida. A festa serve também de despedida, porque há quem tenha de voltar para a Ucrânia para não perder o trabalho.
Alina, que chegou com o filho e a avó a Portugal há um mês, prepara-se para regressar a Kiev para não perder o emprego. “Eles ligaram-me e avisaram que se não voltasse perderia o emprego”, conta a gestora bancária.
“Talvez não seja seguro, mas não tenho alternativa. Tenho de comprar comida e pagar as contas. O meu pai e o meu marido ficaram na Ucrânia”, explica.
A jovem mãe é um dos 44 refugiados que chegaram à estrutura de acolhimento através da linha de emergência da Segurança Social.
Primeira resposta para quem foge da guerra
Trata-se de uma “primeira resposta” a quem foge da guerra, explica o padre Luís Brito, presidente da Obra Diocesana de Promoção Social.
“A ideia é sermos uma plataforma de emergência estabilizando as pessoas e tentando que elas se integrem nas comunidades, assim que tenham oportunidade e que o desejarem”, explica o sacerdote.
A estrutura é, a par da Casa da Fraternidade, em Esmoriz, uma das respostas da diocese do Porto ao drama dos refugiados. Um conflito que, para Manuel Linda, já ultrapassou os “limites da natureza humana”.
“O meu olhar é de algum pessimismo porque assistimos, quase sem contar e sem nada que o justificasse, a este conflito que é típico da natureza humana, mas a ferocidade que está a ter já é pouco típica da natureza humana”, lamenta o prelado que receia que o conflito ganhe proporções maiores.
“Vamos ver senão chegamos, ainda, a coisas piores, porque guerra química ou a nuclear deixa-nos com os cabelos em pé”.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais de 4, 1 milhões de pessoas a fugirem da Ucrânia desde o início da invasão do exército russo, a 24 de fevereiro.