O presidente do CDS ironizou que TAP não pode significar “todos a pagar”, rejeitando uma injeção de capital por parte do Estado “sem critérios”, e renomeou a companhia a aérea de ‘Lisboa airlines’ (linhas aéreas de Lisboa).
“O CDS tem uma posição muito clara desde o início quanto à resolução do imbróglio da TAP, para o qual muito contribuiu a inoperância e a ausência de soluções por parte do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos”, começou por dizer Francisco Rodrigues dos Santos, em entrevista ao Porto Canal na quinta-feira à noite, acusando o governante socialista de estar no parlamento a “ter conversas de café”.
O líder democrata-cristão assinalou que no CDS há “a certeza absoluta” de que “TAP não pode significar todos a pagar a Lisboa ‘airlines’”, e salientou que “não se compreende que se queira, através de um plano de retoma da atividade desta operadora aérea, implicar uma discriminação negativa e injustificada ao norte do país”.
Na sua opinião, a TAP “não pode ser privilégio de uma zona do país”, pedindo “regras que devem estar claras no caderno de encargos” e proteger “o interesse público”.
Rodrigues dos Santos rejeitou também “condicionar o dinheiro dos contribuintes à aplicação de uma solução que não protege o interesse nacional, na medida em que não cobre todo o território português”.
Para o líder centrista, “deve ser preservado o interesse estratégico” da companhia aérea nacional, o que passa “por atribuir toda a relevância ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro [no Porto] enquanto grande aeroporto do noroeste peninsular, que gera uma forte dinâmica económica”.
Considerando “necessário que se atenda à circunstância que a TAP está a passar”, o presidente do CDS propôs que seja encontrada uma solução que proteja “as regiões do país que mais precisam destas ligações aéreas” e concretizou que isso “passa necessariamente por uma entrada de dinheiro”.
O plano do CDS passa por três hipóteses: “um aumento de capital social, desde que seja acompanhado também pelos acionistas privados”, para evitar uma nacionalização, uma “emissão de obrigações que, na sua maturidade, se converteriam obrigatoriamente em capital”, ou ainda “uma injeção de dinheiro que fosse feita através de um aval realizado pelo Estado, ao final do qual era dada a prorrogativa à estrutura acionista de poder pagar quando tivesse essa disponibilidade”.
Segundo Francisco Rodrigues dos Santos, “se o Estado põe dinheiro na TAP, deve ter pelo menos a possibilidade de condicionar a gestão que é feita”.
“Vemos com bons olhos que o Estado possa ter uma quota de influência maior, o que não consideramos, de todo, viável é que se enterre dinheiro na TAP sem critério, se faça uma nacionalização, uma transição para dívida soberana dos prejuízos da TAP, que levaria a que todos os contribuintes fossem chamados a pagar, o que levaria a um aumento de impostos”, vincou.
Nos últimos dias a TAP tem estado envolta em polémica, depois de ter apresentado um plano de rotas concentrado em Lisboa, o que motivou críticas de autarcas e também do primeiro-ministro, e a preocupação do Presidente da República. Entretanto, a empresa anunciou que vai rever este plano.
Na entrevista, o presidente do CDS criticou também o “folclore que se gerou” em torno das eleições presidenciais, tendo considerado insólito o episódio entre o primeiro-ministro e o atual chefe de Estado em visita à Autoeuropa, quando António Costa sugeriu a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado sobre que candidato o CDS irá apoiar, o líder democrata-cristão voltou a remeter a decisão para os órgãos do partido e assinalou que os nomes apontados – incluindo o ex-vice-presidente centrista Adolfo Mesquita Nunes - “são rumores”, uma vez que até agora apenas o líder do Chega, André Ventura, apresentou a sua candidatura.