​ONU. Mudança de candidata búlgara “não é normal”
28-09-2016 - 11:45

Antigo representante diplomático de Portugal junto das Nações Unidas lamenta alteração das regras e apela aos membros do Conselho de Segurança que mantenham orientação seguida até agora.

O antigo embaixador de Portugal junto da ONU António Monteiro lamenta que a Bulgária tenha mudado a sua candidata ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas.

“Não é normal que o país que apresenta um candidato, a meio do percurso - e já nem a meio, é muito mais no final - em que foi flagrante a inclinação para um determinado candidato, que substituam o seu próprio candidato por outro numa tentativa de ultrapassar as dificuldades”, critica António Monteiro em declarações à Renascença.

O antigo diplomata considera mesmo que esta mudança “altera muito as regras do jogo”.

A Bulgária mudou a candidata ao cargo, substituindo Irina Bokova por Kristalina Georgieva, actual vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela pasta do orçamento comunitário.

António Monteiro diz ainda que, a bem do prestígio e da credibilidade da organização, os membros do Conselho de Segurança devem manter “a orientação que têm tido até agora”.

“Eles devem votar nos candidatos que conhecem, que ouviram ouviram abertamente nas audições - durante todo este tempo - e não em alguém que aparece à última hora, para alterar regras no Conselho de Segurança, quando não há ainda nenhum impasse quanto à escolha do melhor candidato”, remata.

António Guterres, antigo primeiro-ministro português, é um dos nove candidatos à corrida para o próximo secretário-geral da ONU. Já venceu cinco votações secretas para o cargo.

A próxima votação, que está agendada para a primeira semana de Outubro, vai destacar pela primeira vez os votos dos membros permanentes do conselho, que têm poder de veto sobre os candidatos.

Assim que um candidato reunir nove votos entre os 15 países membros e aprovação de todos os membros permanentes - China, França, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos - o conselho recomendará o seu nome para aprovação pela Assembleia-Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.

A organização espera ter encontrado o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano, durante o Outono.