O antigo director do FBI James Comey acusa o Presidente dos Estados Unidos de ter tentado que fosse abandonada a investigação à alegada interferência russa nas eleições norte-americanas.
Comey escreve que o Presidente Donald Trump falou com ele sobre a investigação relacionada com o ex-conselheiro de segurança nacional Michael Flynn, acusado de mentir sobre contactos com responsáveis russos, e declarou: "Espero que possa encontrar uma forma de abandonar isto, de deixar Flynn. É um bom homem".
Segundo Comey, este pedido estava relacionado com a investigação relativa "as falsas declarações de Flynn sobre as conversas que manteve com o embaixador russo em dezembro" e não com o inquérito mais alargado sobre um eventual conluio entre a Rússia e a campanha presidencial do candidato republicano.
"Foi contudo muito preocupante, tendo em conta o papel do FBI como um serviço de investigação independente", escreveu.
Segundo Comey, na conversa, durante um jantar a 27 de Janeiro, Donald Trump enfatizou: “Necessito de lealdade. Espero lealdade”.
Durante o jantar, o Presidente perguntou a Comey se queria continuar à frente da agência federal. Pergunta que deixou o director desconfortável, reconhece.
"Não consegui reagir, falar ou mudar a expressão da minha cara", escreveu o antigo director do FBI, descrevendo "um silêncio constrangedor".
E quando o Presidente, ao fim da refeição, relançou a questão da lealdade, James Comey relata que respondeu que o chefe de Estado "teria sempre honestidade" da sua parte, aceitando o pedido de Trump de uma "honestidade leal".
Também confirmou que documentou em notas o conteúdo das suas conversas com o Presidente, como divulgaram vários 'media" norte-americanos.
O antigo director do FBI, que foi despedido no mês passado, vai entregar o seu depoimento na comissão de fiscalização às secretas do Senado nesta quinta-feira. O início da audição de Comey está previsto para as 10h00 locais (15h00 em Lisboa).
O alegado envolvimento da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas para ajudar à eleição de Trump tem sido investigada pelo FBI nos últimos meses.