No encontro de oração e benção Urbi et Orbi, convocado para sexta-feira pelo Papa, para a Praça de São Pedro, junto à porta principal da Basílica, vão estar duas imagens de grande simbolismo.
Francisco vai rezar diante da Virgem padroeira de Roma, “Salus Popoli Romani”, preservada na Basílica de Santa Maria Maior, que, segundo a tradição, foi feita por São Lucas, e também diante do Crucifixo milagroso, venerado há séculos na Igreja romana de São Marcelo e famoso por ter ajudado a combater a peste no séc. XVI.
Há duas semanas, Francisco deslocou-se a pé a esta igreja, no centro de Roma, para venerar o Crucifixo milagroso e decidiu transferi-lo do altar onde habitualmente se encontra para o colocar esta quinta-feira na Praça de São Pedro.
Séculos depois, o mesmo Crucifixo de madeira do século XV, volta, assim, a estar no centro de uma oração e súplica mundial, contra a onda de morte, doença, incerteza económica e desolação social causada pela pandemia.
Segundo o reitor da Igreja de São Marcelo ouvido pela imprensa italiana, “é uma emoção ver esta imagem, na qual os romanos sempre depositaram grande confiança, tornar-se agora um símbolo mundial da presença do Senhor num momento de crise para a humanidade".
Esta é a segunda vez que o Crucifixo de São Marcelo é levado para o Vaticano. Há vinte anos, por ocasião do grande Jubileu do ano 2000, São João Paulo II quis que este Crucifixo milagroso fosse transportado para a Basílica de São Pedro e colocado junto ao altar principal, onde permaneceu durante todo o tempo da Quaresma. E foi aos pés desta Imagem de Cristo que, no “mea culpa” de 12 de março de 2000, o Papa polaco se ajoelhou para cumprir o gesto histórico de pedir perdão pelos pecados cometidos pelos cristãos ao longo dos séculos.