A demolição, domingo à noite, do resto do prédio que ruiu parcialmente a 24 de junho na Florida permitiu às equipas de socorro aceder a locais antes inacessíveis, tendo sido descobertos mais três corpos, revelaram esta segunda-feira fonte oficiais.
Segundo o chefe dos bombeiros de Miami-Dade, Raide Jadallah, com a demolição do resto do edifício de 12 andares, já devidamente desabitado, as equipas de resgate conseguiram entrar nalguns quartos onde se acredita que vários moradores estavam a dormir na altura do acidente.
Com as três novas vítimas mortais, o número de mortes aumentou para 27, mantendo-se, porém, 118 pessoas desaparecidas.
Segundo as autoridades locais, a demolição na noite de domingo foi crucial para o esforço de busca e resgate e levantou a perspetiva de as tripulações poderem aumentar o ritmo de trabalho e o número de elementos das equipas de resgate no local, embora tenha diminuído a possibilidade de encontrar sobreviventes 12 dias depois o colapso.
As equipas não conseguiram aceder às áreas mais próximas da estrutura restante por causa da instabilidade, disse a presidente da câmara do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava.
"Na verdade, não poderíamos continuar sem derrubar este prédio", disse ela numa conferência de imprensa.
Por seu lado, o governador da Florida, Ron DeSantis, referiu que a área agora acessível inclui os quartos principais onde se acredita que as pessoas estavam a dormir quando o prédio desabou.
"Seremos capazes de aceder a cada parte dessa pilha, o que não tinha sido possível até agora. Penso que vai acelerar o ritmo dos trabalhos", disse DeSantis.
As equipas de resgate foram vistas esta segunda-feira a escalar um monte de destroços no local, com a ajuda de um equipamento pesado que recolhia entulho.
Os trabalhadores começaram imediatamente a limpar alguns dos novos destroços após a demolição, para que as equipas de resgate pudessem começar a entrar em partes da garagem subterrânea que são de particular interesse.
"A forma como o resto da demolição foi feita permitiu que chegássemos à pilha de escombros original em menos de 20 minutos", sublinhou Jadallah aos familiares dos desaparecidos.
As equipas de resgate esperavam obter uma imagem mais clara dos vazios que podem existir nos escombros enquanto procuram os que se acredita poderem estar presos sob a ala das Torres Champlain South que ruiu inicialmente.
No entanto, ninguém foi resgatado com vida após as primeiras horas depois da demolição do edifício restante.
Durante a demolição, várias explosões ecoaram da estrutura. Lentamente, o prédio começou a cair, um andar após o outro, transformando-se numa cascata acompanhada por uma explosão de poeira.
Levine Cava disse à agência noticiosa Associated Press (AP) que a demolição decorreu "exatamente como planeado".
"Era uma imagem perfeita. Exatamente o que nos disseram que aconteceria", sublinhou.
Alguns moradores ainda pediram para voltar às suas casas uma última vez antes da demolição para recuperar os seus pertences, o que foi negado por falta de garantias de segurança.
Levine Cava disse que as equipas de salvamento estão a trabalhar também para salvar itens pessoais e pediram aos moradores para catalogar o que está em falta para se poder, depois, confirmar com os que foi conseguido retirar.
"O mundo está de luto por aqueles que perderam os seus entes queridos e por aqueles que estão esperando por notícias de familiares desaparecidos. Perder a casa e todos os pertences desta maneira é também uma grande perda", acrescentou.
A decisão de demolir o resto do prédio surgiu depois de aumentarem as preocupações de que a estrutura danificada correria o risco também de colapsar, colocando em perigo igualmente as equipas de resgate.
Por outro lado, a aproximação da tempestade tropical Elsa, com os fortes ventos que a acompanha, acrescentou urgência nos planos de demolição.
Por causa da tempestade, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou o estado de emergência na Florida, tornando possível a ajuda federal.
As últimas previsões indicam que a tempestade está a deslocar-se para oeste, poupando principalmente o sul da Florida, mas a área ainda pode sofrer fortes chuvas e ventos.
Jadallah disse, porém, que não se espera que o clima afete os esforços de busca.
"Agora que não temos nenhum problema com o prédio, a única vez que poderemos interromper os trabalhos será por causa de um raio", realçou.