Os portugueses estão entre os europeus que mais tomam antibióticos e, em muitos casos, nem sempre é o medicamento mais adequado.
Sabia, por exemplo, que a gripe é a doença que mais contribui para a toma de antibióticos? A gripe não é uma bactéria, é um vírus e os vírus não se curam com antibióticos, combatem-se com paracetamol e antipiréticos.
Um estudo da Comissão Europeia indica que 12% dos portugueses tomam antibióticos para curar gripes, o que faz desta doença comum a razão principal para a utilização destes medicamentos.
É tudo uma questão de literacia medicamentosa. À pergunta “os antibióticos matam o vírus da gripe”, 64% dos portugueses deram a resposta errada, mais 21% do que a média europeia.
A mesma coisa para as constipações. 66% dos europeus reconhecem que os antibióticos não são eficazes. Só que em Portugal, 55% dos inquiridos não sabem que o antibiótico não faz nada às constipações.
O caso é sério. Não só pelo desconhecimento da população mas, sobretudo, pelas consequências que pode trazer para a saúde.
Um em cada três doentes internados na Europa recebe pelo menos um antibiótico enquanto está internado.
A média europeia é de 33%. No caso português, a percentagem sobe até aos 40%.
33 mil pessoas morrem todos os anos na Europa devido a infeções por bactérias multirresistentes, por causa do mau uso de antibióticos.
O número corresponde ao somatório de mortes por gripe, tuberculose e SIDA juntas, no espaço de um ano em toda a Europa.
A menos que haja um consumo moderado de antibióticos, o cenário poderá vir a ser ainda mais preocupante.
No Reino Unido, foram identificados 19 mecanismos de resistência de bactérias a antibióticos e 32 bactérias capazes de resistir a todos os medicamentos.
Pense nisto, de cada vez que sentir o nariz a pingar ou a febre a subir - vírus não são bactérias e não vão lá com antibióticos.