Um balão de espionagem chinês a sobrevoar os Estados Unidos e o Canadá provocou esta sexta-feira uma crise internacional que levou ao adiamento de uma visita do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à China.
O que disseram os EUA e o Canadá?
Segundo as autoridades dos Estados Unidos, o objeto entrou no espaço aéreo norte-americano “há vários dias”, estando atualmente sobre o estado de Montana, onde se encontra um dos três campos de silos de mísseis nucleares do país.
“Claramente este balão destina-se à vigilância e a sua atual trajetória leva-o a locais sensíveis”, avançou o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, indicando que a inteligência norte-americana já seguia o balão muito antes deste entrar no país e que não é a a primeira vez que militares dos EUA veem uma invasão do espaço aéreo deste tipo.
Antes de estar no Montana, o balão sobrevoou a costa oeste do Canadá e as ilhas Aleutas, no Alasca.
Em comunicado, o Canadá deu conta do avistamento do “balão de vigilância a alta altitude”, referindo que os movimentos do mesmo estão a ser observados.
O que disse a China?
A China admitiu a presença do aparelho no espaço aéreo dos Estados Unidos, descrevendo-o como de “uso civil, principalmente para investigação meteorológica”, lamentando que o mesmo se tenha “desviado do seu curso devido aos ventos de oeste”.
“Afetado pelos ventos de oeste e com limitada capacidade de direção, o aparelho desviou-se para longe do seu percurso designado. A China lamenta a entrada indesejada no espaço aéreo dos EUA”, indica o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Para que serve o balão?
Criado para mapeamento de zonas definidas, os balões de espionagem são mais baratos que os satélites espiões, são difíceis de detetar por radar e de abater.
Embora a direção seja comandada pelo vento, podem mudar as altitudes e usar computadores para calcular como usar os ventos para cavalgar entre as diferentes camadas da atmosfera.
Para além da vigilância, podem também transportar bombas, em tempos de conflito.
Em esclarecimento, o Pentágono avançou que este balão chinês possui uma carga com equipamento de vigilância.
Onde está o balão?
Segundo a Força Aérea norte-americana, esta sexta-feira de manhã, o balão encontrava-se a 18 mil metros de altitude e a mover-se para este em direção “ao centro continental dos EUA”.
Em esclarecimentos esta sexta-feira à tarde, o Pentágono avançou que o aparelho mantém a altitude, mas mudou ligeiramente a trajetória, acrescentando que espera que o balão permaneça nos ares dos EUA durante os próximos dias.
Segundo imagens do Flight Radar, que publicou o movimento de três aeronaves da Força Aérea que seguiam o movimento do balão sobre o estado do Montana, outra aeronave está ainda a sobrevoar a região.
No entanto, o senador norte-americano Jerry Moran avançou esta sexta-feira ter recebido relatórios de que o balão chinês já se encontra a norte do estado do Kansas, no centro do país, e que está em contacto com o Pentágono.
O que vão os EUA fazer com ele?
A Casa Branca já veio dizer que os EUA mantêm “todas as opções em cima da mesa” sobre este balão, acrescentando que Washington agiu rapidamente para que Pequim obtivesse informações importantes.
Oficiais norte-americanos descreveram o balão de espionagem “uma clara violação” da soberania dos EUA, mas decidiram não abater o aparelho por razões de segurança.
Para a inteligência norte-americana, o balão de espionagem viola a lei internacional, mas não representa perigo para os norte-americanos na superfície nem contém material nuclear ou radioativo.