A informação que obtemos à chegada é a de que a Maternidade da Guarda não estará a funcionar em pleno esta sexta e sábado. Um comunicado a que a Renascença teve acesso fala em níveis 3 e 4 de contingência nestes dois dias, podendo ler-se: “Conforme Escala de Serviço relativa ao mês de outubro e, a pedido do Diretor de serviço de Ginecologia/Obstetrícia, informa-se que “Irá haver uma contingência, que envolve o Bloco de Partos e a Urgência de Obstetrícia/Ginecologia, de Nível 3, a começar às 9h00 horas do dia 06/10/2023 e a terminar às 9h00 horas do dia 07/10/2023.”
“Irá haver uma contingência, que envolve o Bloco de Partos e a Urgência de Obstetrícia/Ginecologia, de Nível 4, a começar às 9h00 horas do dia 07/10/2023 e a terminar às 10h00 horas do dia 08/10/2023”, lê-se ainda.
À porta da maternidade, Maria [nome fictício], 40 anos, não esconde a preocupação. “Considero inadmissível isso acontecer e terem de se deslocar fora daqui, da sua zona de conforto, é uma situação muito chata. Acho que nenhuma mãe tem de se sujeitar a isso, deslocarem-se, fazerem quilómetros, por vezes grávidas de risco... Em viagens... Considero inadmissível."
Ana Martins, 34 anos, arquiteta do Sabugal, diz que foi informada de que não iria haver médico obstetra na urgência. “Disseram-me que seria um dia, sábado ou domingo: não vai ter médico obstetra na urgência. As outras grávidas que estão para ter os bebés ficam numa situação complicada. Acredito que para quem está nesta situação de maior ansiedade, não haver urgências a funcionar acaba por ser uma situação mais complicada. No entanto, fomos informadas, era pior se a informação fosse omissa”diz. Contudo, a informação ainda que transmitida pessoalmente a quem se desloca à Maternidade, não faz parte dos comunicados enviados à imprensa.
Outra utente da ULS da Guarda, Maria Rebelo, não esconde a revolta. Foi saber do pai que está internado devido a uma infeção respiratória e não conseguiu falar com o médico. “O meu pai está cá internado, fui falar com a enfermeira e perguntar se podia vir amanhã falar com algum médico e ela disse que não, que nem amanhã nem no fim de semana. Na segunda-feira e se calhar", desabafa.
"Eu já estava à espera, sei como está a situação, os doentes estão a ser transportados para a Covilhã, é uma pena. Só quem passa por isto... Eu já estive nas urgências com o meu pai e era dia de greve: os médicos não atendiam ninguém, foi horrível. Ninguém atende ninguém, o governo tem de tomar medidas”, apela Maria Rebelo.
A recusa às horas extraordinárias, enquanto protesto por parte dos médicos, está a originar diferentes situações, mas a mesma resposta na ULS da Guarda: “É melhor vir segunda-feira”.
Há seis dias, que na página do Facebook da ULS da Guarda é visível o apelo: "Na Urgência só quem é Urgente!"
Entre os comentários deixados pelos internautas, fica patente a ironia no desabafo: “Na urgência só quem é urgente... Tendo em conta que não há médicos de família, não há vagas nas consultas de recurso, não há vagas nas consultas de intersubstituição, há médicos de greve, não se asseguram os serviços mínimos num centro de saúde... E os próprios funcionários dos centros de Saúde dizem 'olhe vá a urgência'. Realmente, na urgência só quem é urgente."